Há mais de dezoito meses que deveriam ter sido nomeados novos conselhos de administração para a Metro do Porto e para a STCP, situação cuja responsabilidade é partilhada pelo governo anterior (do PS) e pelo actual (PSD e CDS). Esta lamentável situação traduz o desprezo com que estes governos têm tratado a região, a população e os serviços públicos.
Após ter anunciado várias medidas para o sector dos transportes, apontando uma suposta necessidade de poupança de meios, o governo evidencia um desprezível tacticismo na gestão deste processo, implementando medidas de redução de serviços e promovendo – ainda de forma encapotada – a privatização destas empresas. Autarcas e dirigentes do “bloco central de interesses” mantêm a conivência e a colaboração com este atentado à Área Metropolitana e a toda a população que cá vive, estuda ou trabalha.
Neste longo processo de indefinição em torno da nomeação da próxima Administração da Metro do Porto, surgem agora incidências mais ou menos rocambolescas que adiaram, sobre a hora, a própria assembleia-geral da empresa.
Mas, por muito que atirem as culpas de uns para o outros, a população da Área Metropolitana do Porto sabe que foi Rui Rio (PSD) que cedeu à chantagem do governo PS entregando ao Governo a maioria do capital da Metro do Porto e, consequentemente, o poder de decisão.
Por outro lado, as razões da manutenção desta situação não são rivalidades pessoais associadas a lutas mesquinhas por maiores protagonismos. As razões são mais profundas e radicam-se na irresponsabilidade, incompetência e incapacidade de resolverem os problemas que esta região vive, bem como na defesa que fazem de projectos colidem com os interesses do Porto.
Por muito que disfarcem as suas responsabilidades, a população da Área Metropolitana do Porto sabe que foram os governos do PS e do PSD/CDS que não cumpriram os compromissos de desenvolvimento do projecto, recusando-se inclusive a aproveitar a possibilidade de utilização de fundos comunitários.
A DORP do PCP denuncia que esta “novela” em torno dos administradores serve para ocultar as opções políticas de fundo em relação às quais PS, PSD e CDS estão de acordo, designadamente o objectivo de privatizar estas importantes empresas.
Na verdade, estes tristes episódios confirmam que entre o PS, o PSD e o CDS nunca houve dificuldades em distribuir os cargos nem em convergir nas principais opções políticas e estratégicas.
Estes partidos sempre se entenderam na distribuição entre si dos lugares, sempre estiveram de acordo com a redução de serviços, sempre se calaram perante o despedimento de trabalhadores e o aumento dos preços, sempre coincidiram na permissividade com o bloqueio do desenvolvimento do projecto, sempre foram parte dos problemas da região, designadamente dos problemas de mobilidade.
É uma evidência que são patentes as indefinições do Governo, tal como são visíveis, e cada vez mais notórias, as guerras de bastidores em torno de nomes, personalidades e cartões partidários para ocupar os lugares da Administração desta empresa pública.
Não há discursos palavrosos, propaganda política ou anúncios pomposos de novas pontes sobre o Douro, cuja concretização nem os próprios garantem, que escondam as responsabilidades dos autarcas da Área Metropolitana do Porto e dos dirigentes do PS, PSD e CDS na situação a que chegamos.
Por tudo isto, entendemos que há situações inadmissíveis que têm que ser esclarecidas.
Um ano e meio depois do fim do mandato, como é possível e aceitável que o Governo e a Junta Metropolitana do Porto deixem para o último dia (ou melhor, para o último minuto) o acordo entre os nomes a nomear?
Como é possível que a Junta Metropolitana do Porto e o Governo escolham administradores que não cumprem os requisitos necessários?
Como é possível aceitar que a STCP funcione sem os três administradores exigidos pelos Estatutos?
Como é possível que a Junta Metropolitana do Porto e o Governo estejam a negociar uma eventual fusão da Metro do Porto com a STCP nas costas da Assembleia Metropolitana, dos concelhos, das juntas de freguesia, dos representantes dos trabalhadores e das comissões de utentes?
Assim, informamos que:
O Grupo Parlamentar do PCP solicitou hoje mesmo a chamada do Senhor Ministro da Economia à Comissão de Economia e Obras para prestar explicações sobre este processo.
Os eleitos do PCP na Assembleia Metropolitana do Porto solicitarão uma reunião extraordinária, com a presença do presidente da Junta Metropolitana do Porto para debater este tema e obter esclarecimentos.
Solicitaremos reuniões com as comissões de trabalhadores e os sindicatos do sector, a comissão de utentes e a delegação distrital da ANAFRE para avaliar as consequências da política de ataque aos transportes públicos promovida ao longo dos últimos anos e possíveis impactos da privatização das empresas.
Promoveremos, na próxima semana, uma jornada regional de esclarecimento da população, denúncia da tentativa de privatização e de intensificação do ataque ao serviço público de transportes da região.
A DORP do PCP tudo fará no sentido da denúncia dos responsáveis por este impasse, pelo ataque ao serviço público de transportes da região e pelo bloqueio do desenvolvimento do projecto do Metro do Porto: os presidentes das Câmaras da Área Metropolitana, os dirigentes e os governos do PS, do PSD e do CDS.
A DORP do PCP apela aos trabalhadores, à população, aos presidentes de Junta de Freguesia e outros autarcas não comprometidos com este enredo para que não permitam que prossiga este ataque à região e a todos os que cá residem, estudam ou trabalham.
Porto, 4 de Julho de 2012
A DORP do PCP
Há mais de dezoito meses que deveriam ter sido nomeados novos conselhos de administração para a Metro do Porto e para a STCP, situação cuja responsabilidade é partilhada pelo governo anterior (do PS) e pelo actual (PSD e CDS). Esta lamentável situação traduz o desprezo com que estes governos têm tratado a região, a população e os serviços públicos.Após ter anunciado várias medidas para o sector dos transportes, apontando uma suposta necessidade de poupança de meios, o governo evidencia um desprezível tacticismo na gestão deste processo, implementando medidas de redução de serviços e promovendo – ainda de forma encapotada – a privatização destas empresas. Autarcas e dirigentes do “bloco central de interesses” mantêm a conivência e a colaboração com este atentado à Área Metropolitana e a toda a população que cá vive, estuda ou trabalha.