Óscar Lopes

Óscar Lopes nasceu em Leça da Palmeira em 2 de Outubro de 1917. Foi professor catedrático da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e é autor de vasta obra, sobretudo no domínio da Linguística e da Crítica Literária, de que se destaca a conhecida História da Literatura Portuguesa, de que foi co-autor, cuja 1ª edição data de 1955 e que conta até hoje com 17 edições.

Sempre atento aos problemas do país e do povo português, Óscar Lopes teve intensa actividade política. Participou, desde 1942, nas mais diversas acções da oposição democrática antifascista, tendo pertencido ao MUNAF (Movimento de Unidade Nacional Antifascista), ao MUD (Movimento de Unidade Democrática) ao MND (Movimento Nacional Democrático) e mais tarde à CDE (Comissão Democrática Eleitoral) e à Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos. Preso pela PIDE duas vezes, a primeira das quais em 1955, no processo dos Partidários da Paz, viria a estar vários meses nas cadeias fascistas. Afastado então da Universidade retoma mais tarde o ensino e, logo a seguir ao 25 de Abril, foi eleito Presidente do Conselho Directivo da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e exerceu o cargo de vice-reitor.

Colaborou em numerosas revistas, como a Vértice, Seara Nova e nas publicações das Faculdades de Letras do Porto e de Lisboa. Como crítico literário foram numerosos os jornais diários nacionais que puderam contar com a sua colaboração, bem como o Jornal de Letras e, no Brasil, o “Estado de S. Paulo”.

Prefaciou obras de Jorge Amado, Guimarães Rosa e de vários escritores portugueses, entre os quais Urbano Tavares Rodrigues, Eugénio de Andrade e de Manuel Tiago (Álvaro Cunhal), no romance “Até amanhã, camaradas”.

Foi condecorado com a Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública e com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade. Recebeu os prémios Rodrigues Sampaio da Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto, Jacinto do Prado Coelho (1985), do Centro Português da Associação Internacional de Críticos Literários, do P.E.N. Clube Português de Ensaio (1986), pela obra A Busca de Sentido: Questões da Literatura Portuguesa, Vida Literária (2000), atribuído pela Associação Portuguesa de Escritores, entre outros. Em 21 de fevereiro de 1990, a Universidade de Lisboa consagrou-o Doutor honoris causa.

Foi Presidente da Associação Portuguesa de Escritores, dirigente da Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto e um dos fundadores da Universidade Popular do Porto.
Membro do PCP desde 1945, na sua actividade partidária destaca-se o seu contributo na luta antifascista e, após o 25 de Abril, na Direcção da Organização Regional do Porto do PCP, e no Comité Central do PCP de que foi membro entre 1976 e 1996. Foi candidato do PCP à Assembleia da República nas listas da FEPU, APU e CDU tendo exercido a função de deputado na Assembleia da República. Foi eleito na Assembleia Municipal do Porto.

Em 2007, por ocasião do seu 90º aniversário, foi-lhe prestada uma homenagem numa Sessão Pública com a participação de destacados intelectuais que deu origem a uma publicação “Óscar Lopes – exemplo para os dias por vir” e, em que o Secretário-Geral do PCP, Jerónimo de Sousa valorizou o seu percurso de “homem integral” e salientou que a “comunidade científica e intelectual deve muito a Óscar Lopes”.

Óscar Lopes faleceu no Porto com 95 anos. O seu funeral constituiu uma sentida manifestação de pesar. Na cerimónia fúnebre realizada na Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto, Albano Nunes prestou homenagem em nome do Partido Comunista Português.

A morte de Óscar Lopes significou a perda duma figura maior da Cultura portuguesa, dum intelectual comunista com cerca de 70 anos de militância que com a sua acção cultural e a sua intervenção partidária deu um destacado contributo à luta pela liberdade, a democracia e o socialismo.