Uma nota só
“As palavras, quando usadas, escreveu Óscar Lopes em Uma Espécie de Música, servem-nos de mãos, mãos de mil dedos invisíveis, que enredam as coisas e de algum modo as manejam”. Com palavras, afinal, fui aprendendo a viver, a enredar-me nos grandes sentidos da vida colectiva, nas minúcias mesquinhas da vida privada, até nisto que faço e se parece perigosamente com Arte, reconheço. De quando em quando, alguém me chama com um gesto generoso, nem por isso menos peremptório, e pronuncia um nome sobre o qual eu depois terei de me traduzir em palavras, nas tais palavras. E há nomes que são pronunciados muitas vezes, e com rara justiça, com a alegria de todos os convocados para o erudito arraial.