Comovedora simplicidade
Outros falarão dos trabalhos científicos de Óscar Lopes; outros ainda do crítico literário, ou do professor, ou do historiador de Literatura ou do cidadão. E não se queira ver nesta ordem que sugiro ao acaso qualquer hierarquia. Para mim, reservo uma coisa bem mais simples: juntar duas palavras conformes à experiência única da nossa colaboração numa editora do Porto a que ambos demos o rosto literário e gráfico porque se tornou conhecida e ainda hoje é recordada. Volto os olhos para esse tempo e comovo-me com a simplicidade com que Óscar Lopes se ocupava da leitura de um livro proposto para publicação ou de um texto publicitário, ou do pudor com que mais tarde acedeu a falar de uma exposição minha e da alegria com que leu o texto que então escreveu.
Não sei se haverá motivos para nos sentirmos contentes com este tempo e espaço que nos coube em sorte vivermos, tão aflitivos são os sinais que nos chegam diariamente, mas se alguns há, a existência de pessoas como Óscar Lopes é necessariamente um deles, e exemplar.
(1996)