A cor da Liberdade

José Efe

Um homem livre, sem medo de ter medo, é um ser inteiro.

Entre a razão e a emoção, o caminho desenha-se no paralelo das linhas. Todavia, se a voz do amor falar mais alto, nada a pode deter, mesmo que tudo lhe doa.

O “Centro” é o centro do mundo!, tudo parece imenso. Porém, imenso é o preço a pagar pela Liberdade… que não tem preço!

Mãos sábias dobam o silêncio do “cárcere interior”. Em desassossego o oleiro sente o barro esvair-se entre os dedos. E, porque já não é novo, e não sabe fazer mais nada, tem de pagar a conta desmesurada do progresso – o passado ficou lá atrás e, para o capitalismo, o que mais importa é a linha vertiginosa e imparável do lucro infinito.

O cão Achado bebe as lágrimas do dono – amor indizível. Achado, outrora desvalido, foi um achado inestimável para a família Algor – acompanhá-la--á até ao “fim do mundo”.

Há momentos em que perdemos o chão, e nada parece valer a pena. Nesses momentos, temos de nos reerguer, ir buscar forças ao mais imo de nós, e deixarmo-nos levar até que a vida nos volte a sorrir.

O barro, argamassa dos dias do oleiro, deixado à intempérie dos sentidos da natureza, acabará, como todas as coisas, transformado em pó.

Voltamos ao início: o medo paralisa os sentidos, consome a alma.

Testemunho de leitura (A Caverna, de José Saramago)