O Programa iniciou-se na Póvoa de Varzim onde, entre outras questões de âmbito mais geral, os pescadores fizeram notar a falta de segurança do porto e as dificuldades de entrada e saída na barra, o que deixa muitas vezes (como tinha acontecido na noite anterior) os pescadores em terra.
Na Afurada a delegação do PCP pode constatar a construção de renovadas infra-estruturas de apoio à pesca, no entanto há fundadas dúvidas quanto à futura utilização dos novos armazéns de apoio, uma vez que se prevê um aumento substancial do custo de arrendamento destes.
De igual forma face às incertezas de futuro do próprio sector houve quem deixasse cair o desabafo de que as infra-estruturas novas serviriam mais para turismo do que para os pescadores.
Em Angeiras esteve em destaque o adiamento mais uma vez, sem fim à vista, da construção do Portinho, promessa mais que recalcada por sucessivos Governos e arma de arremesso nas campanhas eleitorais quer locais quer nacionais, mas que, perante o total silêncio da Autarquia, não é, mais uma vez contemplado em Orçamento de Estado.
De realçar ainda as crescentes limitações e entraves em zonas de pesca tradicionais de pesca fruto da implantação de monoboias e tubagens, quer da ETAR, quer da Petrogal, infra-estruturas essas de inegável utilidade mas cuja implantação deve obedecer a critérios que não ponham em causa a subsistência de quem do mar retira o seu sustento.
Denominador comum em todas as visitas, e também na reunião com as associações de produtores, foram as dificuldades do sector.
O relatório aprovado recentemente no Parlamento Europeu por larga maioria, do qual Pedro Guerreiro foi redactor, aponta um conjunto significativo de medidas, para fazer face aos aumentos brutais de combustível, para melhorar os preços de primeira venda de pescado, e controlar a especulação dos intermediários, quer para a concessão de apoios específicos a paragens biológicas, para a substituição de uma politica que aposta nos abates de embarcações e consequente destruição do sector, por uma politica de modernização efectiva da frota.
Este relatório mereceu o apoio dos partidos portugueses com representação institucional no Parlamento Europeu, mas não merece apoio e implementação a nível interno, nomeadamente por quem tem responsabilidades governativas.
Para o PCP, este relatório põe a nu as contradições evidentes, no comportamento e acção governativa do PS. Entre o que diz e o que faz existe uma enorme e significativa diferença.
O relatório aprovado no Parlamento Europeu é um importante instrumento, que pode e deve ajudar no incremento da acção reivindicativa de pescadores e de produtores no sentido de exigirem que seja implementada uma nova politica de pescas que responda às necessidades e potencialidades do País.