Os últimos meses têm evidenciado a importância do SNS e dos seus profissionais, sem os quais o País não teria sido capaz de enfrentar o surto epidémico como o tem feito desde Março. Não fosse o SNS e a situação teria sido muito grave!
Mas os últimos meses evidenciaram igualmente os problemas de fundo do SNS que reclamam medidas estruturais, muito para lá do que o governo PS tem estado disponível para fazer. A importante resposta à Covid-19 não pode ser feita em prejuízo da resposta geral do SNS, nomeadamente dos cuidados de saúde primários, do acompanhamento de doentes crónicos, da prevenção ou das cirurgias programadas.
A situação exige medidas de emergência, como a instalação de um Hospital de Campanha no Vale do Sousa e outro na Área Metropolitana do Porto, tal como o PCP defendeu há 2 semanas e a realidade está a comprovar ser necessário. Exige igualmente medidas, respostas, com fundamentação técnica e devidamente articulada entre entidades, reclamando-se do governo e demais entidades públicas o papel de direcção.
A evolução dos casos positivos está a confirmar uma pressão muito grande sobre os Hospitais da região e evidenciar as falhas do governo que não tomou as medidas que deveria ter tomado, causando sérias e fundamentadas preocupações a todos.
A DORP do PCP não pode deixar de alertar para a acção concertada entre autarcas do PS do grande Porto para reclamarem medidas que, caso fossem assumidas, paralisariam o país, agravariam os problemas económicos e sociais, sem contribuírem para o combate ao surto.
A triste proposta da criação de uma cerca sanitária, agora retomada, foi já ensaiada em Abril, embora os seus promotores tenha recuado, envergonhados.
Os trabalhadores e suas famílias, bem como muitas PME, não conseguem aguentar uma nova vaga de medidas deste tipo.
O que estamos a assistir é uma competição entre autarcas para ver quem vai mais longe nas restrições, no alarmismo e na propagação do medo. Um problema já verificado há uns meses quando os presidentes de Câmara se atropelaram a alugar hotéis e montar hospitais de campanha em todo o lado que, por terem sido feitos sem qualquer articulação com entidades sanitárias nem ajustamento com a realidade, depois se comprovaram ser desnecessários.
De forma concertada, estes autarcas alarmam, falam de preocupações e do aumento de casos, reclamam restrições e limitações, mas não fazem nenhuma crítica ao que não foi feito e devia ter sido feito.
Na prática querem esconder e branquear a falta de respostas do governo para o reforço do SNS, em particular dos hospitais do distrito. É verdade que há um problema de capacidade de acolhimento de doentes nos hospitais e faltam profissionais, mas esta realidade está identificada há tempo suficiente para que fossem tomadas medidas.
Dizem que as escolas são foco de infecção, mas escondem as suas próprias responsabilidades na falta de auxiliares suficientes para garantir as condições de higienização e limpeza necessários.
Dizem-se preocupados com o contágio em contexto social, mas escondem as suas responsabilidades, enquanto autoridade de transportes, na sobrelotação dos transportes públicos na Área Metropolitana do Porto.
O que os autarcas não disseram e é efectivamente preciso é o reforço das camas hospitalares, das equipas de cuidados intensivos e a resposta na área da Saúde Pública onde faltam centenas de profissionais, designadamente médicos, enfermeiros e outros técnicos. Medidas propostas pelo PCP no “Plano Nacional de Emergência para o Serviço Nacional de Saúde” que entregou na Assembleia da República e que, diga-se, foram chumbadas pelo PS, PSD e CDS!
O caminho que se impõe para a região e para o país é o do reforçar o SNS, de assegurar a protecção individual e fazer a pedagogia da protecção; de dinamizar as actividades económicas, sociais, culturais, desportivas; de exercer os direitos políticos e sociais e combater o medo e os seus propagandistas.
Porto, 28 de Outubro de 2020