Em 2017 perfazem 100 anos do nascimento de Óscar Lopes, militante comunista, referência da cultura portuguesa, intelectual profundamente empenhado nas causas da emancipação humana, da liberdade, sempre solidário com as lutas dos trabalhadores, contra a exploração e pela justiça social.
Óscar Lopes, nascido em Leça da Palmeira, foi professor catedrático da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e é autor de vasta obra, sobretudo no domínio da Linguística e da Crítica Literária, de que se destaca a conhecida História da Literatura Portuguesa, de que foi co-autor e cuja 1ª edição data de 1955, contando até hoje 17 edições.
Sempre atento aos problemas do País e do povo português, Óscar Lopes teve intensa actividade política. Participou, desde 1942, nas mais diversas acções da oposição democrática antifascista, tendo pertencido ao MUNAF (Movimento de Unidade Nacional Antifascista), ao MUD (Movimento de Unidade Democrática) ao MND (Movimento Nacional Democrático) e mais tarde à CDE (Comissão Democrática Eleitoral) e à Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos. Preso pela PIDE duas vezes, a primeira das quais em 1955, no processo dos Partidários da Paz, viria a estar vários meses nas cadeias fascistas. Afastado então da Universidade retoma mais tarde o ensino e, logo a seguir ao 25 de Abril, foi eleito Presidente do Conselho Directivo da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e exerceu o cargo de vice-reitor da Universidade do Porto.
Colaborou em numerosas revistas, como a Vértice e a Seara Nova e nas publicações das Faculdades de Letras do Porto e de Lisboa. Como crítico literário foram numerosos os jornais diários nacionais que puderam contar com a sua colaboração, bem como o Jornal de Letras e, no Brasil, o “Estado de S. Paulo”.
Prefaciou obras de Jorge Amado, Guimarães Rosa e de vários escritores portugueses, entre os quais Urbano Tavares Rodrigues, Eugénio de Andrade e de Manuel Tiago (Álvaro Cunhal), no romance “Até amanhã, camaradas”.
Foi Presidente da Associação Portuguesa de Escritores, dirigente da Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto e um dos fundadores da Universidade Popular do Porto.
Na sua actividade partidária e militância comunista de cerca de 70 anos, destaca-se o seu contributo na luta antifascista e, após o 25 de Abril, na Direcção da Organização Regional do Porto e no Comité Central do PCP.
Foi candidato do PCP à Assembleia da República nas listas da FEPU, APU e CDU tendo exercido a função de deputado na Assembleia da República. Foi eleito na Assembleia Municipal do Porto.
Falecido em 22 de Março de 2013, com 95 anos, Óscar Lopes é um exemplo a quem a democracia e a liberdade, a comunidade científica e intelectual, o povo e o País devem muito.
Sem deixar de destacar a feliz coincidência do centenário do seu nascimento e do centenário da Revolução de Outubro – cujos objectivos Óscar Lopes partilhou e defendeu – a DORP do PCP anuncia a realização de iniciativas para evocação e divulgação do percurso e obra de Óscar Lopes, destacando-se a realização de uma exposição em Abril e de uma sessão de Homenagem em Outubro, com a presença do Secretário-Geral do PCP, Jerónimo de Sousa.
A DORP do PCP apela ainda à comunidade científica e intelectual, ao movimento associativo cultural e aos democratas que não deixem de divulgar a obra e evocar o percurso de vida deste destacado intelectual comunista com uma obra ímpar.
Procurando contribuir para a divulgação do pensamento e da obra de Óscar Lopes, a DORP do PCP disponibiliza a partir de hoje um conjunto de materiais (biografia, bibliografia, vídeo, fotos, textos de Óscar Lopes e textos sobre Óscar Lopes) cujo conteúdo pode ser acedido através da internet em www.porto.pcp.pt/oscarlopes
Porto, 8 de Fevereiro de 2017
A Direcção da Organização Regional do Porto do PCP