A iniciativa decorreu no sábado, dia 25 de Março, na Biblioteca Almeida Garrett, e contou com a participação de Paulo Raimundo, membro do Secretariado do Comité Central do PCP, que proferiu uma intervenção política alusiva à Revolução.
"Inauguramos hoje aqui na cidade do Porto a exposição desse que foi o acontecimento maior da humanidade - a Revolução Socialista de Outubro, que este ano assinala 100 anos.
Depois de milénios marcados pela exploração do homem pelo homem, depois de importantes experiências e tentativas revolucionárias onde os explorados tinham procurado tomar nas mãos o seu destino, em 1917 foi iniciada uma época nova, a época da passagem do capitalismo ao socialismo.
Foi numa Rússia devastada pela guerra, exploração, repressão, fome e o analfabetismo que o proletariado conduzido pelo Partido Bolchevique, munido de uma nova teoria revolucionária, com o notável contributo de Lénine // retira os exploradores do caminho, conquista e toma o poder, e define um caminho que corresponde aos seus interesses e anseios.
Uma revolução vitoriosa com profundas transformações democráticas, políticas, económicas, sociais e culturais, que se propôs a pôr fim a todas as formas de exploração e opressão social e nacional, abriu caminho da construção duma sociedade nunca antes conhecida pela humanidade.
Um processo novo e nunca antes desbravado, um caminho exigente, irregular e acidentado mas que foi capaz de fazer frente a boicotes, sabotagens, intervenção de potências imperialistas, guerra civil, bloqueio económico, traição.
Um gigantesco empreendimento que transformou a velha e atrasada Rússia czarista num país altamente desenvolvido, capaz de fazer frente ao imperialismo e de concretizar as aspirações e sonhos dos trabalhadores, dos explorados, dos oprimidos e dos discriminados.
A vitória da Revolução Socialista propagandeou as ideias do marxismo-leninismo entre as massas; deu animo e força às lutas do movimento operário em todo o mundo; contribuiu para a constituição de numerosos partidos comunistas, como foi o caso do nosso Partido.
É ao povo soviético e ao exercito vermelho que devemos a libertação dos povos e na derrota do nazi-fascismo.
Uma luta heróica que custou ao povo soviético mais de vinte milhões de vidas.
Uma luta heróica e um papel determinante e solidário que é reconhecido pelos povos de todo o mundo, que deu animo e apoio a todos quantos optaram e lutaram pela construção de sociedades socialistas, a todos os que se lançaram na luta pela conquista de direitos e liberdades em países capitalistas, a todos aqueles que submetidos ao jugo colonial empreenderam a luta pela libertação nacional.
E eis que aqui chegados podemos questionar:
Em que realidade viveríamos nos dias de hoje se há 100 anos atrás o proletariado russo não tivesse tomado nas mãos a sua própria vida, lançando-se para a construção da sociedade nova ?
Como estaríamos se o seu exemplo, coragem e determinação não tivesse dado animo, solidariedade e ferramentas para os trabalhadores e povos de todo o mundo?
Perguntas às quais não é possível responder com rigor.
Mas se tivermos em conta conquistas dos trabalhadores e do povo soviético, conquistas do socialismo, que rapidamente se transformaram em conquistas e objectivos de luta dos trabalhadores de todo o mundo ainda hoje bem presentes na vida de milhões de pessoas em todo o mundo, como são exemplo:
- Desenvolvimento industrial, agrícola, cientifico e técnico; erradicação do analfabetismo; generalização da escolarização, desporto, saúde pública e a protecção social; eliminação do desemprego; consagração de direitos para crianças, jovens e idosos; criação e fruição culturais; participação democrática dos trabalhadores e das massas populares; direito ao trabalho, a jornada máxima de 8 horas de trabalho; férias pagas; igualdade de direitos de homens e mulheres na família, na vida e no trabalho; protecção da maternidade; direito à habitação, a assistência médica gratuita;
- o sistema de segurança social universal e gratuito e a educação gratuita; generalização dos valores da amizade, da solidariedade, da paz e cooperação entre os povos;
- um estado, um país, um povo com o poder nas suas mãos e ao seu serviço, a construção da sociedade sem explorados e sem exploradores, a sociedade socialista e comunista.
Se tivermos em conta estas, entre outras conquistas do Socialismo e que os trabalhadores de todo o mundo as assumiram como suas, talvez possamos antever não só como estaríamos hoje, mas também, compreender melhor a brutal e criminosa ofensiva ideológica do Capitalismo tendo como alvo preferencial as novas gerações, de revisão e reescrita da historia, mentira, deturpação e calunia que não liga a meios na procura incansável de destruir o conteúdo, conquistas e significado da Revolução de Outubro e do Socialismo.
Se é verdade que a evolução mundial no seguimento das derrotas do socialismo é de profundo retrocesso civilizacional com o Capitalismo a expor a sua natureza exploradora, opressora, agressiva e predadora, e mesmo que atravessado pela sua crise estrutural, procura impor o seu domínio, concentrar a riqueza, agravar a exploração, as injustiças e desigualdades sociais, promover o militarismo e a guerra com as brutais consequências e destruição de milhões de seres humanos; não é menos verdade que, o que a actual situação demonstra todos os dias é a superioridade do socialismo na resolução dos problemas e concretização das aspirações dos povos.
Se assim é, então a luta pela construção da sociedade socialista, por diferenciados caminhos e etapas, partindo da realidade, experiência e características de cada país, foi e é objectivo actual, necessário e supremo da luta dos trabalhadores e dos povos.
Os pequenos e grandes combates que hoje travamos pela defesa, reposição e conquista de direitos, pela ruptura com a política de direita e pela concretização de uma política patriótica e de esquerda, são combates que fazem parte da luta por profundas transformações e desenvolvimento da sociedade Portuguesa, a luta pela democracia avançada // assim como esta é parte integrante da luta pela Socialismo, o nosso objectivo supremo.
“Socialismo, exigência da actualidade e do futuro” é este o lema que dá corpo às comemorações do centenário da Revolução de Outubro, que já arrancaram e onde se insere a iniciativa de hoje.
Comemoramos os 100 anos da Revolução de Outubro num quadro de grande exigência política onde o que marca a nossa acção é o compromisso de sempre, e para sempre com os trabalhadores e o povo, sem ilusões quanto ao quadro, limitações e ao momento histórico em que estamos, lutando todos os dias pela ruptura com a política de direita e pela libertação da submissão de que o País é alvo; afirmando e construindo a Alternativa Patriótica e de Esquerda que a cada dia que passa se torna mais urgente e necessária; mas também não desperdiçando enquanto assim for possível nenhuma oportunidade para conquistar, repor e defender direitos para aqueles com quem nos comprometemos – os trabalhadores e o povo.
Um caminho que não só não dispensa como para o qual é condição fundamental a dinamização e alargamento da luta de massas.
Luta que estamos a animar, desenvolver e potenciar.
Uma luta que está em desenvolvimento nas empresas, locais de trabalho, escolas, localidades e ruas, uma luta pela conquista e reposição de direitos, uma luta que terá necessariamente nas comemorações do 25 de Abril e muito em particular no 1º Maio momentos altos e de extraordinária importância.
Cá estamos convictos, que a história não chegou ao fim, e acima de tudo, certos que, hoje, tal como há 100 anos, será pelas mãos dos trabalhadores e do povo que essa mesma história está e será escrita.
Viva a Revolução de Outubro"