De Óscar Lopes, camarada e amigo há mais de meio século, é difícil dizer breves palavras no quadro de mais esta homenagem que justamente lhe é prestada.
Seriam necessárias páginas inteiras apenas para um brevíssimo enunciado do seu imenso trabalho intelectual ao longo dos anos. Como historiador e crítico da literatura, como cientista e mestre da linguagem, como investigador, como professor e director de Universidades. Um trabalho e um nome a que a cultura muito deve. Um trabalho e um nome que honram os intelectuais portugueses e honram Portugal.
Esta conclusão é certa mas insuficiente.
Porque está ante nós um homem que, tendo ao longo dos anos ensinado tanto, teve a superior virtude dos que muito sabem: não só ensinar, mas aprender. Com o estudo, com a vida, com a experiência. Inserindo desde jovem a sua inteligência, a sua reflexão, o seu saber, a sua acção como cidadão, na vida e na luta dos trabalhadores, do povo, da heroica resistência antifacista, do colectivo dos seus camaradas e do seu Partido.
Assim na luta pela liberdade nos sombrios anos da ditadura. Assim na revolução de Abril. Assim na instauração, na institucionalização e na defesa da democracia até aos dias de hoje. Procurando respostas novas para os novos fenómenos e situações. Certificando dia a dia a opção política de há mais de meio século e a sua convicção comunista sempre confirmada e afirmada com a simplicidade e a coragem de um homem senhor dos seus direitos e da vontade própria.
E toda essa vida notável, em si mesma, se torna ainda mais notável porque Óscar Lopes a soube e sabe viver com a serenidade e a simplicidade que dão a sabedoria a e modéstia.
Um grande abraço ao camarada e amigo de sempre.
Lisboa, Junho de 1996