Rui Rio quer aprovar na reunião de Câmara um Regulamento Inconstitucional sobre Informação Política

Rui Rio quer aprovar na próxima reunião de Câmara um Regulamento Inconstitucional sobre Informação Política.
Em defesa da Liberdade de Expressão o PCP vota contra e em caso de aprovação tomará medidas jurídicas e de protesto.

Na reunião do Executivo da Câmara Municipal do Porto que se vai realizar amanhã, Rui Rio pretende aprovar definitivamente uma proposta de Regulamento Municipal sobre Informação e Propaganda Política.
O documento em questão esteve em discussão pública durante 30 dias, que terminaram no início do mês de Março. Curiosamente, ou talvez não, nos documentos distribuídos aos Vereadores, não é feita nenhuma referência ao número e conteúdo de participações no processo de discussão pública, ou seja às organizações e cidadãos que contribuíram com os seus juízos. No preâmbulo da proposta, Rui Rio faz apenas alusão a um parecer da Comissão Nacional de Eleições e a um acórdão do Tribunal Constitucional, argumentando (e veja-se a presunção e arrogância) que ambos se fundamentaram em interpretações passadistas da Lei.

Rui Rio desprezou o processo de discussão pública e todos os que nele participaram, incluindo posições de instituições como a Comissão Nacional de Eleições e Tribunal Constitucional.
Mesmo sem considerar todos os cidadãos que participaram criticamente no processo de discussão pública, foram muitas as posições contra a proposta de Regulamento Municipal sobre Informação Política:

     - A Comissão Nacional de Eleições emitiu um parecer sobre a proposta de Regulamento e pronunciou-se pela sua inconstitucionalidade.

     - Dezenas de personalidades da sociedade portuense promoveram um abaixo-assinado;

     - Várias forças vivas da Cidade manifestaram o seu desacordo público com os objectivos antidemocráticos da proposta de regulamento

     -  As Assembleias de Freguesia de Aldoar, Paranhos, Miragaia, Vitória e Ramalde, aprovaram moções críticas da proposta.

     - No passado mês de Abril, o Tribunal Constitucional emitiu um Acórdão declarando a inconstitucionalidade de um regulamento, na essência idêntico ao da maioria PSD/PP que dirige a Câmara do Porto, que Alberto João Jardim fez aprovar no Parlamento Regional da Madeira.

É incompreensível e inaceitável que perante a oposição de muito sectores da Cidade e de posições de instituições como a Comissão Nacional de Eleições e do Tribunal Constitucional que se pronunciam pela inconstitucionalidade da proposta, Rui Rio insista, mantendo as principais características negativas do regulamento.
Na proposta final que será apresentada na reunião de amanhã, o Regulamento mantém as suas características antidemocráticas atentatórias da liberdade de expressão:

     1. As autarquias não têm capacidade de legislar sobre as formas e locais em que as forças sociais e políticas afirmam as suas posições. Para tal existem leis gerais. O único órgão de soberania que pode legislar sobre esta matéria é a Assembleia da República;
     2. A proibição da utilização de meios próprios de informação pelas forças sociais e políticas nas principais zonas da Cidade é uma restrição inaceitável.
     3. Os meios disponibilizados pela Câmara são meios adicionais e a sua existência é obrigatória de acordo com a lei 97/88, de 17 de Agosto. A sua existência não é nenhuma benesse, como Rui Rio quer fazer crer, mas antes um imperativo legal que todas as Câmaras Municipais têm de cumprir;
     4. O estabelecimento de multas e sanções para a aplicar àqueles que se recusem a permitir uma tão grande restrição.
     5. A sua aplicação destina-se não apenas "aos processos iniciados após a entrada em vigor" mas também "aos processos pendentes", numa tentativa de dar cobrimento à prática de retirada de informação do PCP e de outras organizações antes da aprovação do regulamento nos processos jurídicos que decorrem.

A proposta de Regulamento Municipal sobre Informação Política tem como objectivo limitar a intervenção de todas as forças que intervêm contra as políticas de direita praticadas na Cidade e no País.
Em causa não estão questões estéticas como Rui Rio quer fazer crer (de outra forma como é que proliferam pela Cidade estruturas outdoor onde a maioria PSD/PP se auto-elogia), mas um direito democrático fundamental: a Liberdade de Expressão.
Sobre isto convém lembrar que o PCP declarou por várias vezes aos Serviços da Câmara e ao próprio Presidente, Rui Rio, total disponibilidade para alterar a localização desta ou daquela estrutura que eventualmente estivesse a prejudicar terceiros. Entretanto sucessivamente foram enviadas ordens aos Serviços para retirar todas as estruturas. A prepotência de Rui Rio foi ao ponto de retirar propaganda sindical e da Comissão Promotora da Celebrações do 25 de Abril, sem antes consultar as organizações envolvidas.
O PCP denuncia o alcance negativo do documento e apela a todos os democratas para que intervenham no sentido de impedir a aprovação do regulamento.
Assim, o PCP, através do Vereador da CDU, Rui Sá, votará contra a proposta de regulamento e apela ao Partido Socialista para que, em coerência com as acusações de autoritarismo que tem feito às políticas de Rui Rio, traduza as declarações públicas em oposição efectiva. Mesmo que a maioria PSD/PP o aprove o regulamento em reunião de Câmara, o documento terá necessariamente de ser considerado pela Assembleia Municipal e portanto não ficam ainda esgotadas as todas as hipóteses de impedir a sua aprovação.
Uma delegação do PCP estará a partir das 9h e até ao início da reunião do Executivo, junto ao Edifício Paços do Concelho, em protesto contra a proposta de Rui Rio. Em caso da proposta de regulamento ser aprovada, o PCP tomará todas as medidas necessárias no plano jurídico e no sentido do desenvolvimento de acções de luta. O PCP continuará a exercer o seu direito de informar as populações com as suas posições e a afirmar o seu projecto para a Cidade e o País, colocando estruturas próprias de informação no Porto.

12 de Junho de 2006

Participam:
Artur Ribeiro - membro da Assembleia Municipal do Porto
Belmiro Magalhães - membro da Direcção da Cidade do Porto do PCP
Sérgio Teixeira - membro da Comissão Política do Comité Central do PCP, responsável pela Organização Regional do Porto, líder do grupo municipal da CDU