Intervenção de José Pedro Rodrigues - sobre o Partido na Comunicação Social -na 8ª Assembleia da ORP

Camaradas,
Num momento em que o capitalismo tenta afirmar a sua influência hegemónica à escala mundial, na sequência da derrota da experiência  socialista a leste, a necessidade urgente de prosseguira resistência, acumular forças, engrossar as fileiras dos que lutam pela transformação social e por uma nova sociedade é uma tarefa e enorme exigência.
Neste contexto, os ideólogos do capitalismo,os executores do pensamento único que afirmaram o fim do comunismo e com ele o fim da história, procuram convencer os trabalhadores e as populações que não vale a pena lutar, que já não há por que lutar, induzindo ao conformismo e à resignação. Com isto, procuram esconder que o mundo hoje está mais injusto, mais desigual na distribuição da riqueza, mais minado porcontradições no seu desenvolvimento, com exemplos de fome e miséria para muitas centenas de milhões de pessoas e procuram assim, sobretudo, esconder que existe quem lute por um projecto de sociedade diferente, que ponha efectivamente um ponto final
neste capítulo negro na história da humanidade.
Aos mais diversos níveis, os meios de comunicação social dominante têm assumido um papel central nesta formatação das consciências que leva ao convencimento e ao consentimento sobre a inevitabilidade da injustiça social fruto de uma economia desumana e sobre a prevalência de uma democracia política que os poderes entendem afastar mais ainda da efectiva participação das populações. É por isso que nas linhas dos jornais e nos minutos das televisões se garante que toda a gente saiba o valor da mesada do filho do eng. Jardim Gonçalves como se procura garantir, com esforços multiplicados, que permaneça devidamente escondida a dimensão esmagadora dos trabalhadores em luta no passado dia 18 de Outubro, ou a Greve Geral de Maio, ou a Manifestação de Março, ou em todas as grandes manifestações que foram
cirurgicamente varridas das televisões e dos jornais.
É um processo encapotado de censura do protesto e da resistência que não deixa de ser um sinal dos tempos em que vivemos. Tempos em que o capitalismo concentra os seus instrumentos de dominação ideológica, visível no nosso país pela concentração, por meia duzia de grandes grupos de telecomunicações, associados aos grandes grupos económicos e financeiros nacionais e transnacionais, dos titulos de jornais, revistas, estações de rádio e de televisão,indústria da publicidade e de relações públicas. Tempos em que se cercea as próprias liberdades de criação e expressão dos jornalistas nas redacções, como sucedeu recentemente com a aprovação pelo PS, do novo Estatuto do Jornalista, limitando os seus direitos, expondo-os a uma correlação de forças cada vez mais frágil dentro do seu local de trabalho, à medida que se atacam, de forma cada vez mais impune, as suas organizações representativas de classe.
E quando falamos em processos encapotados de censura do protesto e da resistência falamos não só dos exemplos de luta dos trabalhadores, em particular do movimento sindical unitário, como falamos naturalmente do cerco mediático que se aprofunda em torno do PCP, das suas propostas e da intervenção concreta em sua defesa. Ao abrigo dos todo-poderosos critérios jornalísticos, as chefias e direcções impõem linhas editoriais que apagam dos cadernos e suplementos de política e nacional e de todas as designações que transportam para a discussão das matérias de interesse público, praticamente tudo o que não seja intervenção institucional ou com protagonistas a ela associados.
Assim, toda a actividade e intervenção junto das populações, tomadas públicas de posição, conferências ou notas de imprensa são votadas ao desprezo. Dá-se o caso, camaradas, a título de exemplo, de um jornal diário, considerado uma referência no distrito do Porto, que conseguiu não comparecer a nenhuma conferência de imprensa da DORP do PCP durante o presente ano – e acreditem que foram  muitas –, tendo aliás conseguido a proeza de ignorar várias vezes a vinda do secretário-geral do PCP ao distrito do Porto, naturalmente em iniciativas que não teriam nenhum interesse, como inaugurações de Centros de Trabalho do PCP, em iniciativas que reuniram centenas de militantes, ou o grande comício em Toutosa, no Marco de Canaveses, igualmente demostrativo da vitalidade e entusiasmo do colectivo partidário no interior do distrito do Porto. Mas nestas iniciativas, não só o conteúdo foi ignorado, como ignorada foi a posição do Partido sobre os vários problemas da actualidade.
E assim sucede, camaradas, com uma parte significativa da nossa intervenção, varrida do conhecimento,aprovação ou crítica por parte das populações, porque se decide que a opinião dos comunistas não é relevante sobre os problemas das populações e dos trabalhadores. E  percebe-se que assim seja, porque quem assim decide teme, de facto, o exemplo de justiça, coerência e profunda dignidade humana e social que vive nas propostas e na intervenção do PCP.
E porque assim é, camaradas, continuaremos a lutar, com todo o nosso empenho, furando o cerco, participando, individualmente, nos espaços de opinião que ocasionalmente se abrem, denunciando as injustiças e desigualdades no tratamento mediático, expondo as manhas desta teia de interesses por trás das linhas dos jornais e dos planos televisivos, com a convicção profunda que a informação justa e correcta acerca da nossa própria actividade e intervenção é aquela que conseguimos reproduzir através do nosso contacto permanente com os trabalhadores e o povo, e com a divulgação do órgão central do nosso Partido, o Avante!, e do Militante, que importa difundir o mais  amplamente possível.
Dúvidas não restam que continuaremos a unir todos os esforços em defesa da liberdade de informação, uma informação livre e plural,  denunciando todas as tentativas de desvalorização do nosso Partido e caricaturização do ideal comunista, e combatendo de forma insistente e ininterrupta as contínuas e tendenciosas investidas, por parte dos meios de comunicação social dominante, de selecção e distorção da informação, dificultando a consciencialização das massas sobre o seu próprio papel no desenvolvimento do país e procurando remeter para segundo plano a defesa intransigente dos trabalhadores e do povo.
Esta batalha continuaremos a travar diariamente. Com todas as nossas forças.
Viva o nosso Partido!
Viva a 8ª Assembleia!