Intervenção de José Timóteo na 8ª Assembleia da ORP
Venho à tribuna da nossa assembleia, para vos falar do papel e importância do Partido, para o reforço da luta dos trabalhadores do Porto, do M. S. U. e das comissões de trabalhadores.
Fazer a Abordagem desta temática, significa em 1º. Lugar, sublinhar a enorme importância do reforço da organização do Partido, da sua ligação com a classe operária e todos os trabalhadores, do desenvolvimento da sua luta.
A vida confirma a actualidade dos ideais comunistas e a justeza da luta em defesa dos direitos dos trabalhadores, dos seus interesses, das suas liberdades. É tarefa gigantesca, nobre, quotidiana e central, de todas as organizações e militantes do Partido.
É preciso responder agora, com objectivos claros e mobilizadores, e as formas de luta apropriadas e possíveis à enorme ofensiva em curso do Governo PS/Sócrates, para liquidar direitos fundamentais e instaurar novas e mais gravosas formas de exploração. Outros camaradas, se encarregarão de fazer estes necessários desenvolvimentos.
Na Org. Reg. do Porto, o partido tem travado uma luta sólida e consequente nesta direcção, e os resultados vão aparecendo.
Apesar de ter havido subestimações e atrasos que procuramos superar, apesar deste trabalho se defrontar com dificuldades de natureza objectiva, como o encerramento de empresas, a redução enorme de postos de trabalho, os despedimentos massivos, as deslocalizações , o crescendo contínuo do trabalho precário, a repressão e a democracia que cada vez ficam mais à porta das empresas, temos mais Partido, temos mais organização, temos mais intervenção.
È este o sentido geral na ORP e foi esta a orientação forte do último Congresso do PCP.
È com enorme satisfação que vemos de novo crescer o partido nas empresas e locais de trabalho, a inversão de uma tendência de muitos anos, o aparecimento de novas estruturas e quadros novos, vários deles com muito pouca experiência partidária, uns lutadores pelos trabalhadores, com grande generosidade e entrega à luta. È preciso apoiá-los, acarinhá-los e responsabiliza-los confiantemente no Partido.
È com enorme satisfação que registamos progressos importantes nas organizações do comércio e serviços e grandes superfícies, no aeroporto, na função pública, no rejuvenescimento dos bancários, no reforço de várias células da administração local, como a Câmara Municipal e as Águas do Porto e Câmara Municipal e SMAS de Matosinhos, na consolidação de células como a Portcast, Brisa, Petrogal e outras.
A concretização de 47 novos recrutamentos nestas áreas este ano, é um sinal importantíssimo de possibilidades e potencialidades de reforço do Partido.
Camaradas, sublinhamos isto, porque é importante sublinhá-lo e valoriza-lo, mas tenhamos consciência de que este é o caminho a trilhar por todas as organizações, e que o fundamental ainda está por fazer.
Registamos uma evolução particularmente positiva, no conjunto das organizações do partido, na compreensão e na disponibilidade militante para a mobilização dos trabalhadores do Porto, para as grandes acções de luta da CGTP. Foi notável o empenhamento e este esforço convergente, para aumentar o caudal de luta dos trabalhadores contra as injustiças sociais e pela mudança de rumo neste último ano.
Certamente que o iremos desenvolver no futuro.
A luta dos trabalhadores está num momento alto. Desta tribuna da liberdade, saudamos as largas dezenas de milhares de operários, de empregados, de intelectuais, que têm dado corpo ás numerosas e importantes lutas, várias delas em curso.
Enganaram-se, os que esperavam a pacificação e a submissão dos trabalhadores, ao crescendo de violência do grande capital e da politica de direita.
O desenvolvimento desta luta é inevitável. Não aceitaremos sem resistência mais injustiças, mais agravamento do custo de vida, mais exploração. Enganar-se-ão de novo, os que nos dizem á muito, que a luta de classes foi “chão que deu uvas”, anunciam o fim das ideologias, quando a realidade objectiva também na nossa região, o que nos mostra, é uma luta potente e firme, crescentemente consolidada como um processo, e não um episódio.
Estamos perante uma luta prolongada e dura. Os trabalhadores têm alcançado resultados positivos, muitas vezes vitórias parciais, que são muito importantes. Muitas mais podemos conseguir.
Mas nós comunistas, sabemos o que é o capitalismo, a exploração, esta globalização que nos “servem” como inevitável, mentindo descaradamente ao esconder a realidade, ao não reconhecer a sua incapacidade de resolver os problemas. Não aceitamos essa perspectiva, travamos a luta por objectivos concretos e imediatos, outros de curto e médio prazo, porque é preciso viver melhor, temos direito á felicidade, mas temos a consciência, que a resolução destes problemas, só se resolvem pela superação do capitalismo. Depois do 18 de Outubro, a continuação da luta agora é em torno dos problemas concretos, pequenos e grandes, ao nível dos locais de trabalho, pela sua resolução.
Para desenvolver esta luta, precisamos de reforçar o Partido.
Gostaria de falar da greve geral no Porto em Maio de 2007, e de um exemplo, para se perceber do que estou a falar.
Foi no distrito uma greve geral, com a participação de dezenas de milhares de operários e trabalhadores de outros sectores, com forte mobilização na Administração Pública Central e Local, com vastas consequências na supressão de 107 comboios, com paralisações e reduções da produção em muitas empresas de numerosos sectores.
Um momento muito alto na luta contra a política de direita, uma acção com grande determinação e coragem contra a irreversibilidade deste rumo.
Foi e deve ser justamente valorizada. Mas, seria um grave erro, não avaliar e sobretudo não tomar medidas, sobre o que correu menos bem.
Todos nos lembramos da circulação de autocarros da STCP no dia da greve, e como isto pesou negativamente no plano psicológico, na imagem regional da greve geral.
Podemos ter a maior greve, se circularem comboios, autocarros e metro, o seu impacto está fortemente comprometido.
Por tudo isto, a necessidade imperiosa do reforço da atenção e da organização do Partido, ontem, agora, e amanhã, não é quando for marcada a próxima.
O reforço da organização e intervenção do Partido nas empresas e locais de trabalho, é decisivo, para uma CGTP mais forte no Porto, com melhores condições para defender os direitos e interesses dos trabalhadores e as aspirações da região.
Dizemo-lo de forma clara, sem equívocos, sem ambiguidades, e procuraremos fundamentar melhor.
Há na região, milhares de trabalhadores sindicalizados em organizações sindicais, que são prolongamentos do poder politico e do patronato, que vendem diariamente os seus direitos, não têm nada a ver com a revolução de Abril, o regime democrático, muito menos o objectivo de acabarem com a exploração dos trabalhadores. Vão negociando migalhas, fazem gestão das contradições do capitalismo para em último caso o preservar, praticam um divisionismo permanente. Esclarecer estes trabalhadores e apontar o caminho certo, a CGTP, é importante para a unidade e reforço da luta.
A CGTP, com as suas características de classe, de massas, unitária, democrática, tem provado ao longo da sua existência a razão de ser, e merece a confiança dos trabalhadores.
Mas a CGTP precisa crescer na sua organização nos locais de trabalho, na sua influencia nos trabalhadores, que apesar de ser muito grande como se comprovou no passado dia 18 de Outubro, é preciso mais.
Isto não se consegue sem a acção dos comunistas. A acção e influência dos comunistas no MSU é grande, mas é grande por mérito dos camaradas e organizações, e pelo voto democrático dos trabalhadores que os elegem.
Nós somos os primeiros a respeitar as características unitárias do MSU, a combater a partidarização que alguns promovem na vida dos sindicatos, com expressões publicas através das suas tendências sindicais.
Por outro lado, a realidade hoje, não é um dado adquirido para sempre.
Eles lá sabem por onde lhes dói. Por isso sentimos diariamente os ataques ao PCP e á CGTP. A ofensiva ideológica é muito grande, e precisa de resposta. Não faltam recados e conselhos para o PCP, para nos levar a renegar o património de luta de gerações, a abandonar ideais, o socialismo, e a deixar de ser o que somos, comunistas. Não nos conhecem, e estão enganados.
Não faltam recados e conselhos para a CGTP, para deixar de ser o que é, a grande central sindical dos trabalhadores Portugueses, reivindicativa e combativa, e levá-la à sua descaracterização e capitulação. Mas os trabalhadores precisam e querem é uma CGTP ainda mais forte. È pois necessário estarmos atentos e interventivos.
É necessário intervirmos com mais força nas comissões de trabalhadores. O projecto de resolução política adianta as ideias fundamentais. Sinteticamente, afirmamos que são organizações muito importantes para a defesa dos interesses dos trabalhadores e complementares ao MSU. O patronato também sabe disto, e por isso também as pressiona, intervém na sua constituição, procura meter lá as pessoas da sua confiança para defender os seus interesses, fazer delas o contraponto á acção dos sindicatos, baralhar a discussão, introduzir a divisão, levar os trabalhadores á derrota.
É do interesse dos trabalhadores mais e melhores comissões de trabalhadores. Os comunistas precisam de lhes dar maior atenção, com maior disponibilidade para as integrar, garantindo um maior apoio aos camaradas eleitos.
27.10.07
José Timóteo