1.
Há menos de cinco meses o governo anunciou a concretização da privatização da EFACEC após terem sido investidos centenas de milhões de euros de recursos públicos para salvar a EFACEC dos impactos da guerrilha accionista em que estava mergulhada, o Governo vem anunciar que entregará a empresa ao fundo de investimento alemão Mutares, mais 200 milhões de euros que ainda serão investidos pelo Estado, a troco de nada.
Um verdadeiro crime contra os interesses nacionais que consistiu em entregar de mão beijada a um fundo de investimento alemão uma das principais empresas industriais portuguesas, capitalizada, com crédito e garantias, trabalhadores altamente qualificados, capacidade de investigação, líder em vários segmentos de mercado e com encomendas de centenas de milhões de euros em carteira.
Este processo opaco e lesivo dos interesses nacionais contou com o envolvimento e patrocínio da Comissão Europeia e o apoio político do PSD, CDS, CH e IL.
O PCP desde o primeiro momento opôs-se a este processo, alertando que “entregar a EFACEC ao grande capital estrangeiro não garante nem o futuro da empresa, nem o seu papel estratégico na economia nacional, nem os postos de trabalho e direitos, nem sequer o retorno do que o País investiu.”
2.
A realidade aí está a comprovar que está em curso um processo de desmantelamento da Efacec.
Na passada, quinta feira, numa comunicação aos trabalhadores, o fundo alemão Mutares, informou que irá “descontinuar” várias áreas de negócio e que deixaram de aceitar projetos na Mobility (ENE) e no Ambiente (AMB).
Na passada sexta-feira, o novo dono da EFACEC, depois de muitas dezenas de despedimentos por “mutuo acordo”, avançou com um despedimento coletivo, de 12 trabalhadores (altamente qualificados) e o encerramento de uma área de negócio.
É ainda adiantado o desmantelamento da EFACEC Eletric Mobility, S.A, uma área de negócio com mais de 100 trabalhadores.
Nesta mesma comunicação aos trabalhadores, o fundo alemão Mutares, afirma que cada trabalhador dá de lucro à empresa 130 mil euros, mas que querem mais. É o mais descarado cinismo de quem olha para trabalhadores como máquinas de gerar lucro a quem se esmaga salários e direitos e se descarta na primeira oportunidade.
O que é necessário é aumentar salários e não despedir trabalhadores!
3.
Repete-se a história das últimas décadas da indústria e do aparelho produtivo nacional em geral: a da submissão aos interesses dos grupos económicos e à União Europeia. O aumento da dependência externa, a perda de emprego de qualidade, de competitividade da economia nacional e a perda de soberania, consequências da política de direita.
Perante esta situação exige-se que o poder político não se limite a assistir à descaracterização e redução da EFACEC, É preciso agir e intervir para salvaguardar os interesses nacionais.
Aos trabalhadores, dizemos que podem contar com o PCP, na defesa intransigente de todos os postos de trabalho. Pelo aumento dos salários e na defesa de todos os direitos.
Tal como o PCP, sempre afirmou, só o controlo público da EFACEC garante os interesses do país e a defesa dos trabalhadores. O PCP, irá continuar a intervir pela defesa e o desenvolvimento da EFACEC, empresa estratégica, necessária ao desenvolvimento do país, incluindo na Assembleia da República e no Parlamento Europeu.
25/03/2024