Os últimos dados do Instituto do Emprego e Formação Profissional, IEFP, referentes ao mês de Setembro vêm confirmar o descalabro social do distrito do Porto.
O desemprego não pára de aumentar apresentando no final deste mês um valor superior à média do país em cerca de 4,6%.
Se levarmos em consideração o mês homólogo do ano passado vemos que o aumento do desemprego no distrito foi de 21%.
Alguns concelhos do distrito do Porto destacam-se por sofrerem aumentos em termos homólogos ainda mais significativos, como acontece com Matosinhos, mais 33,2%, Paços de Ferreira, 30,3%, Penafiel, 29,2%, Paredes 29,1%, Maia, 26,5%, Lousada, 26,3% e Gondomar, 24,9%.
MILHARES DE PROFESSORES DESEMPREGADOS
Este agravamento da situação não é alheio ao lançamento para o desemprego de milhares de professores no início do ano lectivo.
Não havendo dados regionalizados quanto a esta realidade, o que se verificou a nível nacional indicia-nos o que aconteceu no distrito do Porto.
Com efeito, segundo os dados do IEFP, o número de professores inscritos nos centros de emprego em Setembro aumentou 69,5% relativamente ao mês homólogo do ano passado.
Contudo, analisando a evolução dos inscritos nos centros de emprego com habilitações de ensino superior obtém-se a confirmação de que o lançamento para o desemprego de milhares de professores teve aí significativo impacto.
Efectivamente comparando os dados, referentes ao distrito do Porto, de Setembro passado com igual mês do ano anteriro assistimos a um aumento de 46,5%.
DESEMPREGO JOVEM EM NÚMEROS ALARMANTES
A população jovem continua a ser flagelada por esta chaga social de forma ainda mais violenta. Comparando com a situação do mês anterior, Agosto, temos que em Setembro se verificou um aumento de 5,2%.
Mas se a comparação for com o mês homólogo do ano passado, o aumento foi de 32,7% destacando-se aqui os acréscimos brutais verificados em Matosinhos, mais 60,4%, Marco de Canaveses, mais 52,3%, Paços de Ferreira, mais 40,6%, Vila do Conde, mais 38,5%, Penafiel, mais 37,5%, Vila Nova de Gaia, mais 36,5% e Paredes, mais 36,4%.
A REALIDADE QUE O DISTRITO VIVE NÃO SURGIU POR ACASO.
TEM CAUSAS E TEM RESPONSABILIDADES.
O tecido produtivo vem, desde há muito, a viver um verdadeiro processo de devastação, seja no sector primário, agricultura e pesca, seja no sector das indústrias transformadoras.
As potencialidades que o distrito indiscutivelmente tem foram votadas ao desprezo, mesmo abandonadas, e continuam a sê-lo.
A descriminação negativa do distrito do Porto por parte dos últimos governos, em termos de investimento público, foi mais do que evidente, conforme a DORP do PCP por várias vezes denunciou.
Infra-estruturas indispensáveis para o desenvolvimento da região não foram concretizadas não obstante os compromissos assumidos, assistindo-se mesmo ao desperdício de fundos comunitários.
A modernização e electrificação da linha ferroviária Porto-Vigo, importante para um mais completo aproveitamento do porto do Leixões e do aeroporto do Porto, assim como da linha do Douro, a expansão da rede do metro são alguns dos exemplos dessa política de prometer e não fazer.
Em contrapartida, são introduzidas portagens nas ex-SCUT que vieram penalizar severamente os utilizadores e contribuíram para acelerar a crise que o tecido económico da região vive e de que o elevado grau de insolvências de empresas são um bom retrato.
Apesar desta realidade de degradação económica e social, com o desemprego e a pobreza a alastrarem, o governo ataca os salários, as reformas e as pensões, provocando a continuada queda da procura interna e, consequentemente mais dificuldades para a sobrevivência de muitas micro, pequenas e médias empresas, promove, ele mesmo, o desemprego de milhares de funcionários públicos e corta nas prestações sociais, por exemplo o subsídios de desemprego.
Obstinadamente, o governo PSD/CDS-PP continua o rumo do empobrecimento do país e dos portugueses.
A degradação económica e social do distrito do Porto, em que o desemprego e a pobreza são realidades preocupantes e chocantes, resultado de opções políticas contrárias à Constituição da República Portuguesa, reclama medidas urgentes de carácter económico e social.
A degradação acelerada a que se assiste neste distrito é a prova provada das consequências do memorando de entendimento, melhor será chamá-lo de pacto de agressão, assinado pelas troikas nacional, PS/PSD/CDS-PP, e estrangeira, FMI/BCE/UE.
Rejeitá-lo constitui um elemento indispensável para que o país e, também o distrito, possam encontrar o caminho do desenvolvimento económico e social.
18.10.2012
O Gabinete de Imprensa da DORP do PCP