1. As eleições presidenciais de 2006 terminaram, como é sabido, com a vitória de Cavaco Silva à primeira volta. Tendo sido caracterizada pelo PCP como a candidatura a derrotar, em defesa do regime democrático, de Abril e da sua Constituição, a candidatura de Cavaco logrou vencer por uma escassa margem de votos, proporcionando à direita apossar-se daquele importante órgão de soberania, que nunca conquistara em 31 anos de democracia.
2. Para este resultado concorreram diversos factores, dos quais destacamos o profundo e justo descontentamento popular com a política do Governo Sócrates, a inacção do próprio PS perante a escalada mediática da candidatura da direita e a divisão e a incoerência que caracterizaram a sua abordagem a estas eleições.
3. No que respeita à candidatura de Jerónimo de Sousa, pelo seu conteúdo amplamente democrático, pela proposta de ruptura que protagonizava, pela força e dinâmica evidenciada em crescendo ao longo da campanha, deve considerar-se detentora de um bom resultado (8,6% a nível nacional, cerca de 467 mil votos), tendo sublinhado uma dinâmica de ascensão eleitoral que dá uma expressão cada vez mais firme a um sentimento de mudança latente na sociedade portuguesa. Aliás, a única candidatura à esquerda que confirmou uma subida desde as últimas eleições legislativas, que entendemos ser um sinal convincente de vontade popular por um outro rumo para o nosso país e de adesão ao projecto protagonizado pela candidatura de Jerónimo de Sousa.
4. Os resultados da candidatura de Jerónimo de Sousa no distrito do Porto revelam também uma subida sensível, que se cifra em mais 11376 votos (num total de 65668, 6,9%) face ao resultado das eleições legislativas de Fevereiro de 2005, constituindo cerca de 1/3 do crescimento da votação desta candidatura a nível nacional. Este quadro é tão mais significativo quanto as restantes candidaturas do campo democrático sofrem perdas na ordem dos 147988 votos (no caso de Alegre e Soares, em conjunto, por comparação com a votação do PS nas Legislativas de 2005) e dos 11027 votos (no que respeita à candidatura de Francisco Louçã, comparando com o resultado do BE em Fevereiro de 2005).
5. Estes resultados traduzem a ideia - verdadeira - do êxito de uma campanha marcada pelo contacto permanente com a população e os trabalhadores do distrito, concretizado em centenas de iniciativas, acções e sessões, em todos os concelhos, de uma campanha afirmativa, confiante e determinada sobre as soluções para os principais problemas do país, propostas para os enfrentar, rumos a seguir no aprofundamento da democracia, conteúdo e objectivos expressos nos documentos da candidatura profusamente distribuídos por todo o distrito.
Este é portanto o momento adequado para saudar o colectivo partidário, os comunistas e outros democratas, apoiantes e activistas da candidatura pelo empenho, capacidade de organização e mobilização, ânimo e convicção nesta importante e difícil batalha. O sucesso do resultado reside também na forma ardente como milhares de militantes e amigos do Partido e da candidatura de Jerónimo de Sousa se empenharam nela.
6. As grandes iniciativas regionais realizadas no Porto com a participação de Jerónimo de Sousa foram também marcos relevantes, bem-sucedidos, desta campanha: a Apresentação da Comissão Regional de Apoio da Candidatura de Jerónimo de Sousa, que encheu o Auditório da Reitoria da Universidade do Porto; o Jantar de Jerónimo de Sousa com Intelectuais e Quadros Técnicos e Científicos; o Jantar com Jovens Apoiantes, no Porto; o Jantar com Apoiantes, em Gondomar; a Iniciativa de Contacto com os Pescadores, em Matosinhos; a Arruada pela Baixa do Porto, com muitas centenas de participantes; a mobilização de milhares de participantes para o Comício do Pavilhão Atlântico; o Comício de Encerramento da Campanha Eleitoral, que encheu o Coliseu do Porto.
7. O sentimento generalizado de simpatia que envolveu toda a campanha revela possibilidades de intervenção que não podem ser ignoradas, possibilidades e condições vantajosas para atrair à luta política dos comunistas relevantes franjas da população que pela primeira vez venceram receios, medos e preconceitos e que podem constituir, no futuro, força activa e apoio do Partido.
NOTA: A DORP saúda a luta dos cantoneiros e motoristas da Câmara Municipal do Porto pelo sucesso alcançado na Assembleia da República. Devido à acção do PCP, que agendou a discussão deste problema, foi possível aprovar uma proposta que abre caminho à reposição do pagamento do prémio nocturno, precipitadamente retirado pela gestão social-democrata no executivo camarário.
Porto, 27 de Janeiro de 2006
DORP/PCP