Decompondo a estratégia maquiavélica do Governo do PS e da sua política de direita, encontramos o objectivo das fusões, envoltas em grande secretismo e contradições que vão surgindo e saltando do circuito de interessados no negócio. A receita é simples e amarga – fundir as 15 faculdades da UP em poucas instituições, acabando com a sua autonomia e estrangulando ainda mais o seu já apertado financiamento, que se sente já, por exemplo, com os despedimentos de docentes e funcionários nas Faculdades de Letras e Belas Artes.
Querem com isto, transformar um direito, consagrado da Constituição da República Portuguesa, num negócio para encher os bolsos dos interesses privados, que tem como última das preocupações a democratização do acesso ao Ensino Superior e como primeira das suas intenções, o objectivo de sugar o tutano da formação cientifica, tecnológica, artística e humana da maior universidade do país. A estratégia do Governo, ao serviço dos interesses económicos e financeiros é perversa, embora fácil de decifrar. Do “conselho de sábios”, que se constitui numa Assembleia Estatutária (criada recentemente através do desastroso Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior), veio a público a intenção em passar a UP a fundação (leia-se privatizar) e o eco, do qual pouco ou nada se diz de minimamente honesto, da fusão da Faculdade de Ciências com a Faculdade de Engenharia, tal e qual linha de produção, em que a investigação cientifica fica castrada aos interesses gananciosos e o desenvolvimento tecnológico submetido quem sabe, ao MIT (Massachusetts Institute of Technology) e vendido a retalho aos clientes mais amigos. Não é assim de estranhar o recente acordo entre a Faculdade de Engenharia da UP com a empresa multinacional de semi-condutores Qimonda, que passa a contar com estudantes a trabalhar sem remuneração, através de uma cadeira criada para o efeito.
Somos estudantes, não somos clientes!
A Juventude Comunista Portuguesa manifesta a sua profunda preocupação com o grave ataque ao Ensino Superior Publico, que se concerta numa estratégia nacional do Governo de direita do PS, que, sendo porta-voz e porta estandarte dos interesses dos grupos económicos, pretende destruir o direito dos estudantes filhos de trabalhadores a acederem aos graus mais elevados de ensino. O processo de Bolonha, que entre outras modificações muito prejudiciais aos estudantes, cria crescentes dificuldades e injustiças, pretendendo criar mão-de-obra minimamente qualificada, pronta a explorar a baixos salários, que não se desliga de uma estratégia geral, da qual fazem parte as fusões, fundações e o aumento brutal das propinas, para transformar um direito num negócio e do qual a Universidade do Porto também é alvo.
A JCP continuará na luta, com os estudantes, por um Ensino Superior Público, Gratuito e de qualidade para todos, livre de fundações, propinas e Bolonha.
Porto, 31 de Março de 2008
A Direcção da Organização do Ensino Superior do Porto da JCP