O deputado do PCP, Manuel Loff, visitou esta manhã o espaço dedicado à resistência antifascista existente no Museu Militar do Porto, local onde funcionou a delegação da PIDE, onde existe um percurso evocativo do trajecto que milhares de presos políticos fizeram naquele espaço durante a ditadura fascista.
O espaço visitado faz parte do projecto "Do Heroísmo à Firmeza - Percurso na memória da casa da Pide no Porto - 1934-1974" que a URAP – União de Resistentes Antifascistas Portugueses – implementou no edifício na sequência de um protocolo com o Ministério da Defesa Nacional e que recria o percurso feito pelos presos políticos da ditadura fascista na cadeia do Porto da PIDE, desde a entrada nas instalações, aos interrogatórios, tortura e prisão.
O espaço e o percurso, cuja visita foi acompanhada por membros da URAP e pelo director do Museu Militar do Porto, constituem um importante contributo para a denúncia da ditadura fascista e a valorização da resistência antifascista no Porto que deve ser valorizado, considerando o PCP que o mesmo justifica um esforço de divulgação e alargamento do conhecimento junto das populações e, em particular, das novas gerações.
O edifício do Heroísmo, como era conhecido, foi desde a década de 30 o local onde o sinistro regime fascista instalou a polícia política fazendo aí um verdadeiro centro de detenção e tortura dos resistentes antifascistas. De acordo com os registos existentes, até ao 25 de Abril de 1974 foram presas, interrogadas e torturadas cerca de 7600. Além de detenções arbitrárias, torturas físicas e psicológicas, como a estátua e a tortura do sono, dois presos foram brutalmente assassinados no próprio edifício.
Recorde-se que o PCP tem desde há vários anos acompanhado todos aqueles que intervêm na defesa daquele edifício como símbolo de resistência, de coragem, de denúncia e espaço de pedagogia cívica.
Foi nesse sentido que em Julho de 2015 a Assembleia da República aprovou, por unanimidade, um projecto de resolução do PCP que recomendava a implementação deste projecto da URAP.
No entanto, como a visita de hoje confirmou, a implantação do Projecto “Do Heroísmo à Firmeza” prossegue com limitações de espaço e de apoios financeiros e com total alheamento por parte do Ministério da Cultura. Recorde-se que o Protocolo firmado entre o Exército e a URAP determina que todos os investimentos realizados sejam da responsabilidade da URAP.
Para o PCP, o edifício do Heroísmo é um símbolo do fascismo e o justo e merecido local para uma homenagem aos que lá estiveram e resistiram para construir no nosso país o 25 de Abril e o seu projecto emancipador de liberdade, progresso e desenvolvimento social.
Sem prescindir da consolidação do projecto implementado pela URAP, é convicção do Grupo Parlamentar do PCP que urge dar um novo passo na valorização deste espaço como local de memória e homenagem às vítimas do fascismo e de pedagogia cívica, correspondendo também ao conteúdo de uma proposta do PCP já aprovada na Assembleia da República (PJR n.º 2137/XIII/4.ª) que, para lá de valorizar e apoiar a consolidação do projecto actual (“Do Heroísmo à Firmeza”), defende que se estude a possibilidade de deslocalização do actual Museu Militar para, no edifício do Heroísmo, construir um Museu da Resistência Antifascista no Porto.