bem vindos a Gaia, bem vindos a Avintes terra do grande Adriano Correia de Oliveira...
Permitam em primeiro lugar saudar-vos em nome da Comissão Concelhia de Vila Nova de Gaia e agradecer ao Parque Biológico a cedência deste espaço para a realização deste comício, bem como aos Burro de Barro, banda constituída maioritariamente por camaradas da JCP e que militantemente deram o seu contributo para este comício festa. Este comício dá arranque no distrito do Porto à campanha Portugal a produzir, uma campanha que pretende afirmar com esperança e confiança a possibilidade de um outro caminho, um outro rumo para o país assente em critérios de justiça social e crescimento económico.
Uma campanha que por todo o país, por todo o distrito e também em Gaia, procuraremos dar corpo, com o contacto, esclarecimento e mobilização dos trabalhadores e do povo, para a luta contra as políticas de PS e PSD, mas também para a luta pela construção e avanço da democracia nas suas vertentes tal como a entendemos.
Uma luta de combate à resignação, que se impõe no quadro político, social e económico de hoje.
Um quadro social caracterizado pelo agravamento das dificuldades e incertezas da esmagadora maioria de um povo e pela acumulação e opulência de uma ínfima minoria.
Situação de agravamento que é confirmada pelos números de desemprego, 13,9% no distrito, sendo 50% dos quais em situação de desemprego de longa duração e 57% atingindo mulheres.
Um número que em Vila Nova de Gaia ascende a mais de 28.000, apenas dos registados nos centros de emprego, e que aumentou em cerca de 3000 comparativamente com o mês de Agosto, confirmando assim que a diminuição insignificante do desemprego que se havia registado no mês passado se devia ao trabalho a actividades sazonais próprias do verão.
Mas se no mês passado o governo fez parangonhas com os números do desemprego, afirmando e reafirmando a estabilização do fenómeno, desta vez fez silêncio, aliás, todo o discurso de uma pseudo retoma cai face à realidade dos factos, retoma existe sim para aqueles que não tem dificuldades e mantêm ou aumentam os seus lucros à custa da elevação dos níveis de exploração, da diminuição dos rendimentos, da limitação dos direitos de quem já pouco tem. O número e a realidade é esta, mais de 16% de desempregados em Gaia, o terceiro maior Concelho do País, outrora uma referência de actividade industrial e produtiva.
Uma situação em agravamento pelos casos que vamos conhecendo, a Alert a não renovar os contratos de trabalho a 120 trabalhadores apesar da imoralidade de ter níveis de facturação no ano passado que ascendiam a 42 milhões de euros, a Sunviauto, numa atitude de perseguição inaceitável aplica lay-off (redução do período normal de trabalho) a todos os trabalhadores que não aceitaram o banco de horas, ao mesmo tempo que os ameaça com processos disciplinares, isto num sector (automóvel) que beneficiou de apoios anti-crise do Governo, sector este que apresenta desde o início do ano sinais de recuperação na produção, a cerâmica de Valadares com atrasos inaceitáveis no pagamento de salários e subsídios, entre outros.
O patronato sente o espaço dado pelas políticas do governo e o silêncio do poder autárquico, perdido nas obras e anúncios do faz de conta para atropelar, e fazer tábua rasa dos direitos de quem trabalha, mesmo passando por cima da lei.
A situação social exige uma resposta à altura, dos trabalhadores e do Povo, uma resposta que encontra na luta de massas, na luta organizada uma expressão maior.
Uma resposta que centrando-se nos problemas concretos, de cada empresa, sector, local, não deve esquecer que cada um destes problemas, encontra razão de existir nos mais de 30 anos de políticas iguais, com mais ou menos acento tónico dependendo das forças e circunstâncias, mas de matriz igual, praticadas pelos partidos da política de direita, pelos partidos da política da crise.
Uma política que não é feita nem aprofundada por incompetência, mas sim com a competência mais do que necessária para cumprir os objectivos da concentração monopolista da economia.
Não camaradas, esta não é uma política bastarda nem filha de pais incógnitos, PS e PSD, filhos dos mesmos interesses, pais da mesma política, que devem e tem de responder por isto.
A luta, organizada dos trabalhadores e do Povo, é factor determinante para a construção da alternativa, não só pelos resultados, conquistas, papel de resistência que dela emana, mas também porque é na luta que se eleva a consciência política e de classe de quem nela intervém ou compreende.
Cada trabalhador, cada explorado, cada um que conquistamos para a luta é alguém que deu o passo da revolta para a acção organizada, é alguém que conquistamos para construir o futuro.
A consciência da importância da luta e do seu papel, deve estar presente na acção diária dos comunistas, e é por isso que não nos demitimos de, assumindo o nosso papel de partido de classe e de vanguarda de classe, mobilizar, trabalhar, esclarecer para que a jornada de luta do dia 29 de Setembro, convocada pela CGTP-IN, seja um sucesso e constitua uma resposta à altura das necessidades e que abra condições para formas mais avançadas de luta e resistência face a esta política.
Tenhamos consciência de que, o sucesso desta jornada e de outras que certamente se seguirão, será medido mesmo pelos partidos da burguesia em termos de espaço político e social para a aplicação de medidas ainda mais gravosas para o nosso Povo.
Tenhamos consciência que o capital e poder político que o serve desenvolvem uma intensa campanha de intoxicação e medo, com o objectivo de ir mais fundo no trabalho que tem desenvolvido.
Camaradas,
O nosso partido, respondendo ao momento político complexo e difícil, procurando reforçar-se organicamente, tem exigido dos seus quadros e dos seus militantes um esforço certamente acrescido, a verdade é que temos conseguido, e aqui em Gaia também.
Temos conseguido corresponder, com a dedicação, a entrega, o carinho e a militância dos comunistas.
Uma entrega que se explica, embora os nossos inimigos de classe não a compreendam, se explica no amor à causa dos trabalhadores e do Povo, na convicção de que é possível, justo e necessário alterar e construir um mundo novo, e que o que fizermos hoje será determinante para a construção do futuro.
Vimos da festa do Avante, com a alegria e confiança de quem construiu e deu corpo ao maior evento político-cultural do nosso País, uma festa que mais ninguém faz porque não possui esta militância, esse amor, essa convicção, e cá estamos agora preparados para responder as tarefas que se avizinham.
Desde logo a intervenção nos problemas locais e específicos do nosso concelho, das nossas freguesias e fundamentalmente das empresas de Vila Nova de Gaia.
As políticas e opções de classe, são transversais ao poder político e económico.
O patronato, será tanto mais arrogante, tanto mais desrespeitador quanto mais sentir no plano do poder, o espaço para o fazer.
No poder autárquico em cada uma das suas opções e políticas está também uma opção de classe.
Uma opção de classe visível em Gaia por exemplo quando se tenta matar através da asfixia financeira as colectividades e movimento associativo popular, ao mesmo tempo que se promove, incentiva e se apoia a indústria da cultura, o desporto das elites e do show off, e se procura canalizar para ginásios e estruturas privadas (algumas delas ligadas a grupos económicos de relevo) ou para os clubes e escolas de desporto privadas as possibilidades de prática desportiva.
Uma opção de classe que é visível no aumento brutal das rendas dos bairros sociais, aumento que ascende em alguns casos a mais de 1000%.
Opção de classe no modelo de crescimento e de emprego, quando se prepara para licenciar mais grandes superfícies, mais super-mercados (dezenas deles), num estende a mão ao grande capital e à grande distribuição e num golpe final ao pequeno comércio tradicional, isto ao mesmo tempo que se prepara a liberalização de horários destes estabelecimentos, nomeadamente com a permissão de abertura aos domingos e feriados.
Um modelo de crescimento que foi seguido e está a ser aprofundado e que tem nos seus resultados os vergonhosos números de desemprego que conhecemos em Vila Nova de Gaia, o concelho do desemprego e da precariedade, este é o verdadeiro cartão-de-visita que Menezes PSD e CDS nos oferecem.
Opções de classe que se reflectem na destruição da escola pública, na degradação das escolas, na falta de cobertura do pré-escolar, nos horários incompatíveis com os horários de trabalho e com o negócio com os ATL´s privados, ou com a contratação precária de docentes para as actividades extra-curriculares, com salários miseráveis e contratos de 9 meses.
Opção de classe que se reflecte na degradação dos serviços públicos de transporte, na não conclusão da linha do metro até Laborim, ou no adiamento das obras do novo Hospital, que não sendo da responsabilidade da autarquia merecem desta compreensão e apoio. Opção de classe na benevolência e acordo com a introdução de portagens nas sctus, ou com a privatização da superficie do centro de gaia, transformando o estacionamento - pago 24 sobre 24 horas - em chorudo negócio para alguns. Opções de classe de uma autarquia e seus protagonistas que estão de acordo com a política de classe do governo, que a apoiam e em certos aspectos defendem o seu aprofundamento.
Filhos da mesma política, PS, PSD, CDS, nos governos e nas autarquias, obedecem servilmente e amestradamente ao dono, ao capital e aos seus interesses.
Camaradas,
A luta de massas é e será a nossa principal tarefa, é e será porque somos comunistas, mas temos também uma batalha eleitoral pela frente. A batalha pelas Presidenciais.
Uma batalha que é preciso fazer, afirmando a nossa candidatura, a candidatura do camarada Francisco Lopes, até ao voto, como uma candidatura comprometida com a luta e aspirações populares, descomprometida com as pretensões, domínio e aspirações do capital.
Uma candidatura comunista, mas que apela a todos os que aspiram, sonham e querem construir o Portugal de Abril e acreditam no aprofundamento da democracia na sua vertente política, cultural, económica e social.
Esta candidatura dá a oportunidade de voto a todos os que rejeitam ambiguidades e compromissos dúbios, e aspiram à ruptura política e a um Pais desenvolvido e moderno, a produzir e a repartir a riqueza com base em critérios de justiça social.
Estaremos com força nesta batalha, afirmando-a e dando corpo, e convidando desde já, todos os camaradas e amigos a serem proponentes da candidatura de Francisco Lopes à presidência da República.
Estaremos igualmente, ligando todas as tarefas, à do reforço do nosso partido, reforço que se faz aproveitando o que temos, o nosso património mais precioso, os militantes do partido, mas também com recrutamento e envolvimento militante, recrutamento, integração e organização dirigida prioritariamente para as empresas e locais de trabalho, porque é aí que os comunistas devem intervir primeiro , é aí que se dá o embate fundamental de classe.
Intervenção política / reforço do partido como partes integrantes de uma mesma batalha, a batalha de construção da democracia avançada, rumo ao socialismo e ao comunismo.
Com confiança, o nosso partido tem um património histórico incomparável e heróico, mas tem certamente muito mais futuro do que passado.
Viva o PCP
