Sub-região do Vale do Sousa e Baixo Tâmega
Obras da A4 estão a perturbar populações do Marão
A delegação da CDU encontrou-se com alguns populares que foram descrevendo e mostrando, ao longo de um passeio pelo lugar, o que os traz assustados, o que não os deixa trabalhar normalmente e o que lhes tira o sono.
A via vai passar muito perto de algumas habitações que ficam literalmente abaixo dela. Estas casas sofrem desde o inicio da obra, já tendo havido casos de pedras que caíram mesmo à sua porta e que só foram retiradas depois de muita insistência por parte dos proprietários, que temem que com a continuação da abertura da estrada e com a aproximação do Inverno, as pedras e a terra venham pela ribanceira abaixo, causando estragos materiais e humanos. Os proprietários destas habitações disseram ainda que já pediram a intervenção da Junta de Freguesia mas que lhes foi pedido para aguardar, para ver no que dava.
Além das casas e terrenos privados, que podem vir a ser afectados pelas terras e pedras que serão arrastadas pela água da chuva, estes moradores temem que os caminhos e a estrada que servem o lugar fiquem intransitáveis.
A dinamite usada na construção é muito forte, provocando grandes estrondos que fazem as casas estremecer e gigantes nuvens de fumo visíveis a centenas de metros. Estes rebentamentos causaram danos em algumas casas, tendo a delegação da CDU verificado os danos numa habitação no lugar de Espinheiro.
A empresa responsável pela obra, realizou uma vistoria apenas às casas situadas acima da estrada que atravessa o lugar, o que leva os moradores abaixo desta a ter que pedir que façam igual vistoria às suas moradias, até porque estão muito próximas do local onde vão ser usados os explosivos.
Alguns agricultores estão a ser privados de realizar as suas tarefas do dia-a-dia, como por exemplo, deixar de ter caminho para ir tapar e abrir uma poça de rega e de acompanhar a levada. Há ainda regadios e campos de cultivo que ficaram com pedras e apesar de já terem alertado os responsáveis das obras ainda não foram retiradas.
Houve mesmo um criador de gado, que à custa do corte que lhe fizeram à sua própria água, oriunda de três nascentes, teve os seus animais à sede, num dia muito quente e só se solucionou este grave problema devido à forte pressão que este criador fez junto dos responsáveis da empresa no local.
Foram colocadas marcações em terrenos privados sem ter dialogado ou dado explicações aos respectivos proprietários.
Já não sendo directamente relacionados com as obras da A4,a população deste lugar deu-nos a conhecer o seu desagrado pela falta de construção de uma via de acesso rápido ao centro da Freguesia, assim como a falta de transporte para a cidade de Amarante e para a Unidade de Saúde. Estes habitantes são de opinião que as contrapartidas financeiras, referentes à expropriação dos terrenos baldios para a passagem da auto-estrada, deveriam ser encaminhadas para resolução dos problemas atrás referidos.
Estes problemas de insegurança vividos em Gião e Espinheiro na freguesia de Candemil são os mesmos de vários lugares que estão a ser rasgados pelas obras, nomeadamente o lugar de Casal, na freguesia de Ansiães. Fomos informados que o lugar de Várzea, freguesia de Aboadela está igualmente "a braços" com camiões de entulho.
A CDU apurou ainda que populações de outras freguesias (Gondar, Várzea e Padronelo) por onde a A4 irá passar, também estão com a sua rotina diária alterada negativamente e não se mostram agradadas com a forma como as obras estão a decorrer.
A CDU está a favor do desenvolvimento, da abertura de novas e melhores vias, mas consideramos indispensável que se acautelem as questões de segurança e se reduzam os impactos negativos nas populações.
Por este motivo a CDU irá através dos deputados do PCP, levar esta questão à Assembleia da República.
Amarante, 23 de Agosto de 2010
A Comissão Concelhia de Amarante do PCP