Sectores Profissionais
Aos trabalhadores da STCP
Os vários CAs têm agido, em várias situações, mais como comissários políticos do que como gestores pagos pelos dinheiros públicos. Não ignoramos que os CAs são nomeados pelos Governos contudo, este facto não deve ser impeditivo duma gestão no quadro dos interesses da prestação de um bom serviço público de transportes, potenciando os seus recursos humanos.
A STCP é a maior e mais importante empresa de transportes da Área Metropolitana do Porto. Teve, na sua história, mais valias ao nível dos recursos humanos, do equipamento e, da prestação de serviços com preocupação pela grande mobilidade de trabalhadores casa/trabalho/casa, dos idosos e de milhares de estudantes que frequentam os diversos níveis de ensino, nomeadamente o universitário com grande relevância na cidade do Porto.
A partir de certa de altura, e sempre a pretexto da necessária “modernidade”, tudo começou a ser posto em causa.
A grande reviravolta (que na altura foi denunciada), teve como “grande impulsionadora” a Administração de Oliveira Marques/Governo PS (a quem foi atribuído o título de “coveiro” da empresa).
Iniciaram-se então os encerramentos das Estacões de Recolha da Carcereira, S. Roque e Areosa, a compra de terrenos para um alargamento geográfico da rede nunca concretizado, o encerramento da Remise/Boavista, a desactivação de oficinas, em alguns casos postas ao serviço dos privados.
A par e passo, o AE considerado “ultrapassado”, passou a ser alvo de fortes ataques como se fosse este o responsável por todos os males da empresa.
Simultaneamente foram desenvolvidas linhas de desvalorização dos recursos humanos, com a retirada de tarefas e/ou responsabilidades a trabalhadores e não a reconversão de outros tendo estas atitudes, contribuído para a desmotivação que se vive na empresa. Enfim, foi “preciso” criar o ambiente necessário à implementação das novas medidas, uma vez que o futuro passava apenas pela vertente comercial/ o movimento.
A entrada em funcionamento do Metro do Porto poderia ter sido uma oportunidade para melhorar a oferta de transportes públicos na região.
Serviu, no entanto, de pretexto para justificar um conjunto de medidas economicistas inseridas nos cortes prosseguidos pelo actual governo. Implementou-se uma nova rede, pensada e gizada a partir dos gabinetes, e que tantos problemas causou aos utentes e, por arrasto, aos trabalhadores.
Assim se foi recorrendo às rescisões, desperdiçando-se saberes acumulados e dando-se início à substituição de trabalhadores efectivos por trabalhadores com contratos a prazo, nomeadamente para o movimento. Aliás, quanto às rescisões que continuam hoje a ser uma linha de despedimentos encapotados, é preciso alertar e perceber se, por detrás dos pedidos especiais, não haverá situações menos claras.
Aos trabalhadores dizemos: Não se deixem usar como carne para canhão!
Hoje a STCP, é o retrato vivo dessas políticas desastrosas decididas ao longo dos últimos anos e, pelas quais não foram e não são os trabalhadores os responsáveis, pois estes têm tido uma entrega total a esta empresa, alguns com mais de 30 anos de serviço, e que têm o direito a aspirar a uma reforma digna e a não ser humilhados na sua condição de trabalhadores.
Os responsáveis pelo estado e pelo futuro da STCP são seguramente os sucessivos governos do PS e do PSD/CDS e aqui, não valem demagogias de última hora nem o jogo do empurra.
A esta responsabilidade, também não podem fugir as Administrações porque, em vez de gerirem a empresa em prol do serviço público, exigindo entre outras o pagamento necessário e atempado das indemnizações compensatórias e o alargamento da rede para aumentar os utentes, optaram sim pelo endividamento, colocando a empresa numa situação difícil mas que até dá jeito para reclamar a entrada de privados como solução para o futuro da STCP.
Haverá ainda alguns responsáveis no plano social que, em momentos decisivos da vida dos trabalhadores, deixaram muito a desejar. De todos a história se encarregará de julgar…
Aqui fica um alerta, já feito noutras alturas: Não é indiferente às políticas em curso, a perspectiva mais alargada da privatização das principais empresas, colocando o Estado a pagar aos privados o que tem recusado às empresas públicas.
Fica também aqui, o nosso respeito pelos trabalhadores e a nossa disponibilidade total para denunciar as políticas que ponham em causa o futuro da STCP e os seus postos de trabalho, bem como, um forte apelo à defesa dum AE com direitos e a luta por novos direitos que a vida vai impondo necessários e justos.
Porto/Agosto/2010
O Secretariado da Célula do PCP na STCP