Porto
Basta de mentiras! É urgente reabrir o Museu da Indústria!
Rui Rio, em Fevereiro de 2005, fez uma visita às instalações do Museu da Indústria, onde procurava chamar a atenção para a degradação (real) das suas instalações e, escamoteando as suas próprias responsabilidades na degradação do espaço, prometia que se a sua proposta para o Palácio do Freixo viesse a ser aprovada, o Museu viria a ficar melhor instalado.
Na altura, o site da Câmara escrevia que “enquanto decorressem as obras de requalificação da Fábrica de Moagens Harmonia – onde a Pousada propriamente dita seria criada – Rui Rio apontou o edifício da Alfândega como um dos locais alternativos para a instalação, pelo menos provisória, do Museu da Ciência e Indústria, já que – afirmou – “só com muita imaginação seria possível conseguir colocá-lo em instalações piores do que as actuais””.
Rui Rio, ainda em 2005, mal obteve a maioria absoluta na Câmara, fez aprovar a sua proposta para o Freixo. Na altura, e de acordo com o mesmo site, era dito que “A Câmara do Porto garantirá a reinstalação do Museu da Ciência e Indústria, que se encontra neste momento no edifício das Moagens Harmonia, de modo a que não haja a suspensão da sua actividade”…
Em 26 de Agosto de 2009, a CDU realizou uma conferência de imprensa à porta do espaço onde foi armazenado o espólio do Museu, denunciando o facto de o mesmo continuar encerrado, desafiando Rui Rio a abri-lo em simultâneo com a abertura da Pousada do Freixo e a anunciar publicamente os custos associados ao arrendamento desse espaço.
Na sequência desta denúncia da CDU, a coligação PSD/CDS, pela voz do então Vereador da Cultura, Gonçalo Gonçalves, anunciou que o “Museu vai reabrir ainda este ano [2009].
Em Março de 2010, meio ano passado sobre a sua denúncia e mais de dois meses depois do final da (nova) data de reabertura assumida pela coligação PSD/CDS, a CDU constatava e denunciava publicamente que, lamentavelmente, o Museu continuava encerrado!
Como é, infelizmente e cada vez mais, a sua forma de actuação, Rui Rio procurou “sacudir a água do capote”, atribuindo a responsabilidade por mais este atraso ao Instituto dos Museus, que teriam feito “um conjunto de exigências” – afirmação prontamente desmentida por essa instituição que, naturalmente, aguarda a reabertura do Museu para que o mesmo se possa candidatar a programas de financiamento público.
Agora, Rui Rio vem dizer que a Câmara e a AEP (a outra parceira da Associação para o Museu da Ciência e Indústria, cujo representante, na respectiva Direcção é o Professor Valente de Oliveira, também Presidente da Assembleia Municipal do Porto, eleito pela coligação PSD/CDS) estão à procura do envolvimento de empresas industriais na Associação.
Ou seja, durante quatro anos a coligação PSD/CDS nada fez, mentindo permanentemente à cidade e à sua população, numa prova de que, efectivamente, Rui Rio o que sempre pretendeu foi fazer um negócio com o Grupo Pestana, pouco se preocupando com o futuro do Museu da Indústria!
Para além da gravidade desta actuação (veja-se como o PSD e o CDS estão tão preocupados com o facto de o 1º Ministro ter mentido ao Parlamento e tão pouco preocupados com estas sucessivas mentiras do Presidente da Câmara, designadamente em sede da Câmara e da Assembleia Municipais), a mesma é demonstrativa do desprezo com que a maioria PSD/CDS encara a componente cultural da actividade municipal (como, aliás, ficou provado, com a nova macroestrutura, onde foram extintas a Divisão de Museus e a Divisão de Património Cultural).
A CDU considera que urge abrir imediatamente o Museu da Indústria, condição essencial para a obtenção de financiamentos para a sua actividade corrente e mola impulsionadora para a criação de parcerias com outras instituições que pretendam participar no projecto.
Para o efeito, apenas serão necessários gastar poucas dezenas de milhar de euros em obras (refira-se, a propósito, que Rui Rio pagou 77,5 mil euros de subsídios a uma dúzia de milionários ingleses para correrem nos seus carros antigos num fim-de-semana do Circuito da Boavista – verba que seria mais do que suficiente para abrir imediatamente o Museu da Indústria) e pagar uma renda mensal de 7.500€ (de acordo com informações fornecidas pelo Vereador Gonçalo Gonçalves em reunião da Câmara).
Para o efeito, a CDU propõe que as verbas das obras sejam pagas pelo sinal (de 1 milhão de euros) pago pelo Grupo Pestana para a obtenção do negócio da Pousada (visto que foi a instalação da Pousada que levou ao encerramento e transferência do Museu da Indústria), e que a renda mensal seja assegurada, pelo menos na parte que à Câmara diz respeito, com as verbas que o grupo Pestana paga de renda pela Pousada (que, de acordo com o contrato, serão 5.000€ mensais).
A CDU desafia, assim, Rui Rio a retratar-se perante a Cidade e a sua População, reconhecendo que lhes mentiu a propósito do Museu da Indústria, bem como a tomar as medidas que permitam a imediata reabertura do Museu, condição essencial para assegurar a sua sustentabilidade.
Porto, 10 de Maio de 2010
A CDU/Cidade do Porto