Porto
Sobre as empresas públicas de transportes do Porto: Rui Moreira assume posição perigosa e demagógica com a privatização no horizonte
O PCP, ao contrário de outros, sempre assumiu uma posição coerente e profundamente critica acerca desde processo, independentemente das nuances e pormenores que as privatizações em causa pudessem assumir. Rui Moreira, enquanto Presidente da Câmara do Porto, mas denotando ambições de “Vice-Rei”, assumiu uma posição errática, sempre sem questionar na essência o processo de privatização. Vale a pena recordar que, entre a decisão do anterior governo PSD/CDS de iniciar estas privatizações e a assunção de uma posição pública por Rui Moreira, passou longo tempo, e quando uma posição foi assumida, consistiu participar no processo de
privatização, a título da alegada municipalização, mas com a perspectiva de proceder a posteriores sub-concessões pela autarquia. Esta tentativa de participação na privatização saiu gorada e o processo avançou sem que a Câmara do Porto tivesse assumido uma posição consequente de combate político, com o próprio Rui Moreira a referir publicamente que não havia nada a fazer perante a maioria absoluta PSD/CDS.
Das eleições legislativas de 4 de Outubro, resultou uma maioria de deputados na Assembleia da República de partidos que assumiram o compromisso de reverter os processos de privatização das empresas públicas de transportes do Porto, sendo que estão em apreciação projectos de lei com este objectivo, de que destacamos o Projecto Lei que “Determina o cancelamento e a reversão do ajuste directo e do processo de subconcessão a privados da STCP e Metro do Porto” apresentado pelo Grupo Parlamentar do PCP.
Questionado acerca desta matéria pela CDU em sede da Assembleia Municipal do Porto em 9 de Novembro, Rui Moreira optou por eleger o PCP como adversário principal, ensaiando uma “fuga para a frente” e evitando a questão primeira e principal que se coloca presentemente: a reversão imediata dos processos de privatização em curso.
Como se não bastasse, posteriormente, Rui Moreira, recorrendo à manipulação da discussão feita na Assembleia Municipal, com “corta e cose” das intervenções, procedeu à publicação de notícias e vídeos sobre a referida sessão da Assembleia Municipal no sítio internet da autarquia, replicando uma prática de uso abusivo e discriminatório dos meios de comunicação municipais que traz à memória as piores práticas de Rui Rio.
Entretanto, no passado domingo, na coluna de opinião que assina num jornal nacional, Rui Moreira voltou ao assunto e repetiu as escolhas de eleger o PCP como adversário principal e de continuar a evitar comprometer-se com a defesa da reversão dos processos de privatização em curso.
Na verdade, Rui Moreira não defende a municipalização da STCP e da Metro do Porto, mantendo a gestão e a propriedade públicas destas empresas. Em rigor, o Presidente da Câmara do Porto equaciona que o processo de privatização tenha lugar através de sub-concessões a privados a partir da própria autarquia, conforme aliás constam de estudos levados a cabo pela própria Câmara do Porto.
Se dúvidas houvesse, recorde-se que nestes dois anos de mandato autárquico já decorridos, Rui Moreira iniciou, procurou iniciar ou decidiu manter processos de privatização do estacionamento na via pública, do Pavilhão Rosa Mota, a operação imobiliária do Bairro do Aleixo e a parceria público-privada no Bairro Rainha D. Leonor. Se Rui Moreira considera que a autarquia não deve gerir e explorar estes equipamentos, serviços e funções sociais, por maioria de razão, suscitam-se
fundadas dúvidas sobre a sinceridade da admissão da possibilidade da Câmara poder gerir directamente as empresas públicas de transporte. Ou seja, a sua própria prática desmente o “fervor municipalista” das suas afirmações.
O PCP considera que a reversão do processo de privatização da STCP e da Metro do Porto é um objectivo fundamental na defesa dos interesses das populações, utentes e trabalhadores destas empresas e condição indispensável para levar a cabo uma nova política de valorização das empresas públicas de transportes.
A Direcção da Organização da Cidade do Porto do PCP