O panorama verificado é desolador. Para lá da propaganda oficial da Câmara Municipal está a realidade crua: o rio está doente, poluído. Esta situação é a mesma de pelo menos os últimos 12 anos, apesar dos estudos, da identificação das fontes poluentes, de promessas e alguns investimentos e até do inegável progresso no plano do saneamento básico e tratamento de águas residuais. As alterações não são visíveis, o rio está a ser (des)tratado como esgoto.
Este problema torna-se especialmente problemático quando se verifica, ao longo do percurso do rio, a existência de várias casas habitadas. Para estas pessoas, os maus cheiros são uma constante no seu quotidiano, bem como os riscos de saúde pública inerentes a quem vive diariamente neste contexto. De realçar que, mesmo com as recentes e copiosas chuvas que aumentaram substancialmente o caudal do rio, o mau cheiro mantém-se, fazendo-nos questionar como será nos períodos de seca. Moradores da zona ribeirinha, na Alvura, Milheiros, realçaram esta questão, dizendo que a qualidade de vida é pior hoje do que no passado.
Os afluentes do rio Leça não são excepção. A Ribeira da Gandra e a Ribeira do Arquinho, visitadas pela comitiva, apresentam as mesmas condições de insalubridade.
O rio Leça não é apenas um rio que atravessa o Município, é um marco fundamental para a compreensão da história da Maia desde os seus primórdios e da nossa própria identidade colectiva. O rio Leça é parte integrante e fundamental da Maia desde sempre, não pode ser esquecido pela classe política sob pena de se obliterar parte da nossa própria história.
O PCP entende que este problema não é apenas da Maia. O rio Leça, no seu percurso, atravessa cinco Municípios, sendo que qualquer solução deverá passar sempre por todos eles. É fundamental que haja vontade política para a mudança e que as filiações partidárias não falem mais alto do que a premente necessidade de despoluição do rio. Numa altura em que a Assembleia Municipal se prepara para subscrever a Declaração do IV Fórum Mundial da Água, numa iniciativa conjunta dos municípios portugueses, seria importante que o executivo camarário não fizesse letra morta de tal documento.
Pela nossa parte, comprometemo-nos em não deixar cair o problema da poluição do rio em esquecimento, utilizando tudo o que está ao nosso alcance para trabalharmos para a mudança desta situação.
Maia, 25 de Setembro de 2006.
A Comissão Concelhia da Maia do PCP