Para aqueles que decretaram o desaparecimento do nosso Partido e sentenciaram o fim da luta de classes estes últimos tempos devem ser para todos eles tempos de dura e grande frustração. Nem o nosso Partido definhou ou definha como todos eles pressagiavam, antes pelo contrário cresce e fortalece como aqui ficou bem patente nesta nossa 8ª. Assembleia da Organização Regional do Porto, como a luta dos trabalhadores e do povo malgrado as pressões, as ameaças e a chantagem governamental e as “científicas” teorizações do fim da história e da luta que tal confirmavam como certo e seguro.
Daqui quero saudar os trabalhadores e a população do distrito do Porto pela sua forte e importante participação na grandiosa manifestação nacional de 18 de Outubro e saudar a Organização Regional e os militantes do Partido pelo contributo que deram para essa participação em conjunto com trabalhadores sem filiação partidária e de diferentes opções partidárias.
A vastidão do protesto do dia 18 mostrou bem que na luta não estão apenas os comunistas, como insinua José Sócrates, mas muitos milhares e milhares de portugueses de todos os quadrantes políticos, incluindo muitos e muitos votantes e militantes socialistas que hoje condenam abertamente a política do seu governo.
Há dias as estatísticas confirmaram, mais uma vez, Portugal como o país mais desigual da União Europeia e aquele onde o trabalho a tempo inteiro não liberta um homem ou uma mulher da pobreza. Uma realidade que não conheceu qualquer melhoria nos últimos dez anos e se agravou nestes últimos quase três anos de governo do PS de José Sócrates que acentuou todas as situações de injustiça, com o agravamento do desemprego, da precariedade, dos baixos salários e o seu congelamento, das baixas reformas, do aumento do custo de vida e da degradação e encarecimento dos serviços públicos essenciais que deveriam garantir o direito à saúde, à segurança social e à educação dos portugueses.
Portugal tornou-se com o governo do PS o país da União Europeia onde mais cresce o desemprego e a precariedade aumenta a um ritmo comparativamente mais elevado. Desemprego que têm dramáticas consequências para os trabalhadores, para as famílias, mas também para o país e particularmente para as regiões onde, como aqui no distrito do Porto, o desemprego e a precariedade se tornaram verdadeiras chagas sociais com taxas superiores à média nacional.
Desemprego que está a levar daqui do distrito do Porto milhares e milhares de homens e mulher para o estrangeiro, retomando as velhas rotas da emigração à procura, novamente, daquilo que o seu país com esta desastrosa política não lhe dá – trabalho com um salário decente. Entretanto, a propaganda do governo continua a apregoar que o país segue na direcção certa e dizem-no isso sem corar de vergonha.
Proclamam-se avanços na modernização e sofisticação do aparelho produtivo nacional, mas o único emprego que aumenta é o que requer fracas qualificações e a grande mudança que se vê é a crescente substituição do emprego a tempo inteiro por emprego a tempo parcial e a prazo com a consequente degradação dos salários. Realidade que mostra a falácia dos que argumentam com a rigidez do mercado de trabalho em Portugal para impor a flexigurança e aumentar a exploração dos trabalhadores.
Alguns, como a Associação Portuguesa Têxtil, entusiasmos que estão com benesses e as portas que este governo está abrir com a promessa de mudança, para pior, do Código de trabalho aí estão, novamente, a repetir a exigência não só da redução dos salários mas também o fim do subsídio de Natal e de Férias.
Mas, se algumas destas pretensões não têm pés para andar e serão repelidas pela luta dos trabalhadores, o que o governo do PS prepara, juntamente com a sua Comissão de Revisão do Código de Trabalho, não é menos grave e não deixará de ter as mesmas implicações no futuro. Na verdade, o que se conhece confirma tudo o que temos denunciado nomeadamente o propósito de facilitação dos despedimentos individuais sem justa causa, a desregulamentação dos horários de trabalho e à sua fixação arbitrária, a possibilidade de redução dos salários em função da conjuntura e da evolução dos mercados e, entre outras, a fragilização da contratação colectiva de trabalho.
É um Portugal campeão da precariedade e das desigualdades que o governo do PS teima em construir com a sua política de cega obediência aos interesses do grande capital. Ao contrário do que declara o governo, os próximos tempos não vão ser tempos de recuperação e de melhoria de situação económica e social. Os tempos que se avizinham serão de novas preocupações e novos sacrifícios para os portugueses, se esta política persistir.
Novas preocupações e mais sacrifícios em resultado do aumento do custo de vida, particularmente do sistemático aumento dos bens alimentares como é o caso do pão que este ano já subiu 20%, da energia com a electricidade a ter aumentos superiores aos da inflação e de outros bens e serviços essenciais. Novos e maiores sacrifícios com o constante aumento das taxas de juro, que estão já a ter graves consequências quer nos rendimentos disponíveis das famílias, nomeadamente dos jovens que recorreram ao crédito para habitação, quer na actividade económica, particularmente nas micro e pequenas e médias empresas. Aumentos que resultam já não só da imposição do Banco Central Europeu e da sua errada política monetária, mas da imposição do próprio sistema bancário que quer manter a todo custo intactos os seus chorudos lucros.
A concretizar-se a proposta de fusão dos dois bancos – BPI e BCP – que esta semana se anunciou, esta não vem, neste quadro, melhorar a situação mas piorar a situação de todos os que, famílias e empresas não financeiras, recorrem ao crédito para resolver os problemas das suas vidas. A concretizar-se tal fusão, estaremos perante uma operação de concentração de capitais que inevitavelmente terá reflexos quer nas condições da concessão de crédito, mais gravosas para as famílias e empresas, com o seu domínio do sistema financeiro português e a secundarização do Banco Público português, mas também no emprego do próprio do sector.
Não deixa de ser caricato que o BPI quando foi alvo de uma OPA do BCP se tenha mostrado muito preocupado com as limitações à concorrência que tal operação impunha e com a excessiva concentração do sistema bancário já existente e, agora, venha propor uma fusão que tem ainda o grave inconveniente de os dois bancos terem na sua estrutura accionista um domínio de capitais estrangeiros, facilitando a transferência das mais valias geradas para do país.
Se há muito se impunha pôr um travão aos desmedidos apetites da banca, o governo do PS não se pode limitar a ficar na expectativa para ver o que acontece e o que decidem os accionistas privados dos dois bancos. Esta é uma decisão com implicações graves para o país e para a vida dos portugueses e que exige da parte do governo agir para impedir a sua concretização, salvaguardando ao mesmo tempo a posição dominante do sector público financeiro em nome do interesse nacional.
A realidade do nosso país continua a desdizer as previsões optimistas do governo, sempre renovadas, mas sempre adiadas de mais crescimento, mais desenvolvimento e mais qualidade de vida para os portugueses. E, o que o governo apresenta na sua proposta de Orçamento de Estado para 2008 não permite alimentar qualquer esperança de mudança na grave situação social e económica do país.
Nesta proposta de Orçamento, quando se trata de fazer projecções o governo puxa sempre a brasa à sua sardinha e à do grande capital. Quando se trata de prever o crescimento ou fazer propaganda à volta da ideia de que o país vai no “bom caminho” é sempre a puxar para cima o PIB, as exportações, o investimento e quando se trata de prever a inflação, que é um dado importante para actualizar salários e reformas, é sempre a puxar para baixo, mesmo que em anos seguidos se tenha verificado que as previsões estavam sempre erradas e em prejuízo dos trabalhadores e dos reformados.
Para o ano a inflação prevista é de 2,1% mas, tal como aconteceu sempre nos últimos anos, está, mais uma vez, subavaliada. Como mentirosos compulsivos, tirando ano após ano poder de compra aos trabalhadores em geral, particularmente aos trabalhadores da administração pública, que há sete anos consecutivos vêm os seus salários perder poder de compra e não é pouco. Em relação aos impostos é a injustiça fiscal que prossegue neste Orçamento para 2008. É um novo agravamento dos impostos para os reformados que o governo propõe. As reformas passam a ser tributadas a partir de 6000 euros ano (antes eram 6100 euros, em 2005 cerca de 8300).
Entretanto, os benefícios fiscais para off-shore da Madeira aumentam de 1000 milhões em 2007 para 1780 milhões em 2008. Mais 780 milhões. Andam sempre a falar no défice para cortar nos salários e nos direitos das pessoas, mas vejam se o governo corta nos benefícios fiscais que lhes permitia reduzir e reduzir e muito o tão sempre badalado défice.
As contas são fáceis de fazer. A despesa com o off-shore da Madeira em 2007, os 1 000 mil milhões de euros referidos significariam mais ou menos 20% do défice para 2007 e os 1780 milhões de benefícios previstos para 2008 seriam iguais a 44% do défice para 2008. O défice ficaria reduzido a quase metade. Mas este governo não corta nos benefícios fiscais, antes os aumentam, porque quem ganha é o grande capital.
É também por isso que não param de crescer as desigualdades sociais e que o fosso entre ricos e pobres não pára de aumentar, com os ricos a comerem à mesa do orçamento e a população a pagar a crescente mercantilização dos diversos serviços públicos. Os que andam sempre a falar de menos Estado social são os mesmos que querem mais Estado para lhes encher os bolsos.
Serviços que têm neste Orçamento mais uma novidade. O OE para 2008 vai significar um novo salto nessa mercantilização com a transferência que o governo para a empresa Estradas de Portugal, sociedade anónima, com a participação de capitais privados, do planeamento e execução de novas vias e a reabilitação da rede de estradas nacionais existente para impor, também aqui neste domínio, o principio do utilizador-pagador, transformando o direito à mobilidade no território nacional num chorudo negócio para o grande capital.
Não é a decisão política que passará a decidir as prioridades da intervenção e a concepção da rede rodoviária nacional, mas o critério da rentabilidade do capital que passa a ter, neste novo quadro, acesso a uma parte dos impostos cobrados pelo Estado. Não tardará que tenhamos aí novas portagens nos IC e nos IP construídos com dinheiros públicos, e o que mais para frente se verá com a senha privatizadora deste governo que se auto-denomina da “esquerda moderna”, mas que efectivamente está ao serviço do capital.
Este não é, como o governo quer fazer crer, um orçamento dirigido a garantir a melhoria da vida dos portugueses.
Vêm com o “grande e encenado brilharete” da antecipação, em um ano, da redução do défice para 3% face ao calendário acordado com a Comissão Europeia. Mas não dizem à custa de quem. Não dizem que foi à custa do emprego e do crescimento da economia, dos salários da administração pública e dos demais trabalhadores, do corte nos direitos dos portugueses e das funções sociais do Estado, nomeadamente na saúde e na educação.
É esta a verdadeira natureza de uma política que serve apenas os grandes interesses. É esta a verdadeira realidade de um país cada vez mais desigual e cada vez mais injusto. Injustiça que se acentua à medida que se amplia o ataque ao direito à saúde, à educação e à segurança social dos portugueses.
Com a recente publicação pelo Ministério da Educação do ranking das escolas e o coro que de imediato se levantou na responsabilização da escola pública pelo insucesso escolar, ficou mais uma vez clara a intenção do Governo de continuar a introduzir alterações no nosso sistema educativo que visam dois grandes objectivos: o abandono do Estado das suas responsabilidades nesta função social, cedendo ao sector privado uma fatia significativa das responsabilidades que detém e elitizar, cada vez mais, o acesso aos níveis superiores do conhecimento.
Consideramos inaceitável que se continuem a divulgar os rankings das escolas portuguesas tendo como elementos de avaliação indicadores que resultam de situações muito diferenciadas: nas condições de trabalho de alunos e professores; nas condições sócio-económicas das famílias; no nível de desenvolvimento da região onde se encontra a escola. O grande objectivo é a defesa do primado do privado sobre o público para desta forma justificar o crescente número de licenciamentos de colégios privados e a transferência de dezenas de milhões de euros/ano em Contratos de Associação, de patrocínio e outros, permitindo a estes colégios condições de trabalho que a escola pública porque sub-financiada e muitas vezes expurgada até de condições básicas de funcionamento, não pode acompanhar.
Também por isto a defesa da escola pública associada à defesa do regime democrático - não há democracia sem um povo culto e não há cultura sem um ensino democratizado -, é hoje uma tarefa central que se coloca não apenas à comunidade educativa, mas aos trabalhadores e ao povo português.
O que se está a passar no Ensino Superior Público é bem elucidativo de como, por via do ensino e da sua privatização, se procura reforçar o domínio do poder político pelo poder do grande capital para que este possa reproduzir as condições sociais e materiais necessárias à sua sobrevivência e desta forma reproduzir o status quo.
Também na saúde são muitos os indícios de que estamos numa fase em que o Governo prepara um conjunto de decisões graves para o Serviço Nacional de Saúde e com consequências cuja dimensão não nos é possível ainda determinar. Falamos de medidas que visam dar um forte impulso no processo de privatização em curso, no acesso dos portugueses aos cuidados de saúde, no modelo de financiamento do SNS e no plano dos recursos humanos.
Estão em fase adiantada de preparação os contratos de parceria a negociar entre o Estado e grupos privados, com o Ministro a admitir, pela primeira vez, a privatização da gestão clínica. Foi anunciado para breve a instalação de Unidades de Saúde Familiares fora do quadro do SNS e são cada vez mais insistentes as pressões para que avance um novo modelo de financiamento, cuja matriz principal é fazer recair sobre os utentes uma maior fatia da despesa total em saúde sobre as famílias.
Travamos hoje uma exigente batalha em defesa do regime democrático. Esta é uma luta que não pode ser desligada da ofensiva anti-social e anti-laboral que a política de direita promove, mas tem elementos cujo desenvolvimento obriga a uma especial vigilância e iniciativa que devem ser considerados na acção geral do Partido.
Nos últimos anos, aqui na cidade do Porto, assistimos, por parte da maioria de direita na Câmara Municipal, a uma inaceitável tentativa de limitação do direito de informação e propaganda, impondo um regulamento municipal que viola não só a Constituição da República, como vai contra os mais elementares direitos políticos e democráticos. Isto foi feito à medida do PCP e das organizações sociais, particularmente do Movimento Sindical Unitário, que desenvolvem a sua actividade na base dos seus meios, da sua independência, das suas convicções e objectivos.
Quem assim age, procura cavalgar a onda que também da parte do Governo PS anima os ataques contra a liberdade e a democracia. Uma situação que vai muito para além da propaganda e procura atingir sobretudo o direito de organização sindical por parte dos trabalhadores dentro das empresas e locais de trabalho, dificultar e criminalizar a luta dos trabalhadores e das populações.
O PCP não considera que sejam peças soltas os ataques aos sindicatos e aos dirigentes sindicais, a imposição de limitações à propaganda política por parte de dezenas de autarquias, a actual Lei dos Partidos e a Lei de Financiamento dos Partidos Políticos e das Campanhas Eleitorais ou as anunciadas reformas do sistema eleitoral. Antes confirmam a programada degradação do regime democrático levada a cabo por PS e PSD que, começando nos violentos ataques aos direitos sociais e laborais, se prolongam agora em novas medidas que visam limitar o protesto, a luta e a força de todos aqueles que se oponham à política de direita e, na sua intervenção, concretizem a legítima aspiração de transformação da sociedade.
A declaração do Ministro da Justiça em que admite a possibilidade das “secretas” fazerem escutas, num quadro de concentração dos serviços de informação e segurança nas mãos do governo, são um mau prenúncio. É assim que se começa! Ninguém sabendo como acaba.
Pelos seus 86 anos de história, pela sua inquebrantável ligação à luta dos trabalhadores e do Povo português - pela liberdade, pela democracia, pela paz, pelo progresso social - o PCP continuará a cumprir o seu papel de denúncia e mobilização contra a política de direita, sejam quais forem as circunstâncias em que sejamos chamados a intervir.
Pode a Câmara Municipal do Porto e outras que lhe queiram seguir o antidemocrático exemplo, estar seguras que o PCP continuará a exercer os seus direitos e a denunciar a política que tem sido desenvolvida contra o Povo desta cidade. Pode também o Governo PS e o Primeiro-ministro Sócrates agitar com o papão e com a ameaça. Este Partido foi temperado pela luta de muitas gerações, o seu vínculo é com os trabalhadores e o Povo, o seu objectivo é um país soberano, livre da exploração e da miséria, um Portugal com futuro, lutaremos por esse objectivo em todas as circunstâncias e demore o tempo que demorar.
Com muita retórica e mistificação a Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da União Europeia, realizada em Lisboa, chegou a acordo sobre o chamado “tratado reformador” e foi anunciado para o próximo mês de Dezembro a sua assinatura também em Lisboa. Para o governo do PS o importante da Presidência portuguesa não era o conteúdo do Tratado, mas sim conclui-lo a qualquer preço. Ficaram muito contentes por este vir a ser chamado de Lisboa (grande ganho este!).
Já tivemos a Agenda de Lisboa, a tal do pleno emprego e do conhecimento. Também celebrada na altura com champagne. Os resultados são conhecidos. Não têm vergonha nenhuma.
Haveria razões de contentamento se o Tratado consagrasse verbas e medidas que concretizasse o princípio da coesão económica e social, o reforço do “modelo social” europeu, o nivelamento progressivo por cima e não por baixo das conquistas e serviços sociais. Se não consagrasse o Directório das grandes potências e o neoliberalismo como doutrina e prática comunitária.
Este é, de facto, um Tratado que consagra o domínio das grandes potências e do capital financeiro, que continua a manter os estatutos do Banco Central Europeu, órgão não eleito, com a sua política de Euro forte e altas taxas de juro que atingem as economias mais débeis designadamente a portuguesa.
Na atmosfera virtual celebrou-se o acordo do Tratado com champanhe, mas cá fora mantém-se a realidade crua do desemprego, dos baixos salários, das gritantes desigualdades. Os burocratas de Bruxelas e mandantes europeus entre si dizem que conseguiram manter tudo o que era essencial do derrotado Tratado Constitucional e hipocritamente quando falam para a opinião pública e, para evitarem o referendo, dizem que este novo Tratado é apenas uma continuação dos anteriores!!!
Para eles as opiniões públicas são um escolho e percebe-se porquê.
Mas os mesmos que agora se afadigam a inventar argumentos para que o Tratado não seja referendado são os mesmos que mais à frente virão dizer que é preciso aproximar as instituições dos cidadãos. A hipocrisia e o cinismo têm limites.
Assumindo coerentemente os seus compromissos para com o povo português e a defesa da soberania e independência nacionais, o PCP continuará a exigir o respeito do legítimo e democrático direito do povo português de se expressar relativamente a um tratado com tão profundas implicações e consequências para o seu futuro colectivo através da realização de um amplo debate nacional e de uma consulta popular vinculativa. Uma efectiva consulta sobre o tratado e não sobre uma indefinida e vaga consulta sobre a Europa, como uma certa retaguarda ideológica da governação já vem soprando para dar curso a uma ainda mais despudorada manobra política.
Manobra tão despudorada como aquela que o PSD, agora de Meneses, protagoniza com a sua repentina reviravolta sobre o referendo do Tratado, dando o dito por não dito do PSD, encenando a típica farsa da alternância sem alternativa dos partidos do bloco central que governam o país há mais de trinta anos. Farsa que se vai desdobrando em vários actos e em várias dimensões, revelando quanto ilusória é a perspectiva de vir da direita, do PSD com ou sem CDS uma política diferente da política que o PS executa no seu governo.
É grande o esforço do PSD, mas também do PS para encenarem divergências de fundo entre si, mas cada dia que passa, as grandes divergências vão-se transformando em convergências a favor da “concertação estratégica” do grande capital.
A regionalização, essa urgente medida imprescindível para uma verdadeira reforma da administração do Estado e para a promoção do desenvolvimento das regiões era, não há um mês, para o PSD de Meneses uma imperiosa necessidade, agora já nem sequer é uma prioridade. O PSD passou a dizer o mesmo do PS.
É claro que não vale a pena falar das privatizações, da flexigurança, porque “se um diz mata outro diz esfola” e muito menos no Pacto de Estabilidade, essa nova bíblia do monetarismo europeu que ambos abraçam, defendem e concretizam para mal de Portugal.
O difícil é encontrar verdadeiras divergências nas questões de fundo, e tão difícil se está a tornar que até a “cooperação estratégica” que une Cavaco Silva a Sócrates é, agora também na opinião do PSD de Meneses, uma coisa que se “vê com bons olhos”. Muita parra e pouca uva!
De facto, à direita nada de novo, apenas novas roupagens. Novas roupagens para retomar com ar de novo o circulo rançoso do rotativismo que se instalou na sociedade portuguesa e que é uma das causas do nosso atraso e das actuais dificuldades que o país enfrenta. É por tudo isto que a luta continua a ser o instrumento essencial, não apenas para travar a política de direita, mas para a criação de condições para o surgimento de uma verdadeira alternativa política e de uma política alternativa que esteja ao serviço do povo.
É, neste quadro, carregado de complexidades e contradições em que o grau e dimensão da ofensiva política e ideológica comporta perigos e ameaças mas simultaneamente revela condições para resistir, lutar e avançar, que o nosso partido se torna mais do que nunca necessário e insubstituível.
Como afirma o relatório de actividades da nossa 8ª Assembleia da Organização Regional, o nosso Partido tem crescido e reforçado a sua organização e sua intervenção. Temos hoje mais militantes do que na última Assembleia e mais organismos, mas há muito a fazer e os avanços conseguidos precisam de ser consolidados e desenvolvidos.
Tal como aqui no distrito do Porto, por todo o país se desenvolve uma actividade intensa, com muitos milhares de militantes a darem o melhor de si num exemplo de participação militante notável e única no panorama partidário português.
Lançámos e estamos a concretizar a Campanha Nacional “Basta de injustiças, mudar de política para uma vida melhor” nas empresas e nos locais de trabalho, junto das populações.
Combatemos a resignação e o fatalismo, mostramos que Portugal não está condenado às injustiças e ao declínio, preparamos a Conferência Nacional sobre Questões Económicas e Sociais, afirmando a confiança do PCP num rumo alternativo, capaz de assegurar um Portugal mais desenvolvido e mais justo, um Portugal com futuro.
O PCP é um grande colectivo, forte, activo, interveniente, que se fortalece. Temos em curso um grande trabalho de reforço do Partido, sob o lema “Consolidar, crescer, avançar”. Queremos que mais militantes assumam responsabilidades, que mais militantes desempenham tarefas regulares por pequenas que sejam, que se alargue a formação política e ideológica, se reforcem as organizações nas empresas e locais de trabalho, se dinamizem as organizações de base, se melhore a base financeira, se alargue a difusão da imprensa partidária e a acção de informação e propaganda.
Queremos mais e mais militantes que tragam a sua opinião, experiência, criatividade e energia ao nosso Partido. Queremos um Partido com organizações profundamente e cada vez mais ligadas aos trabalhadores e às populações, às suas organizações e lutas, à resposta aos seus problemas e aspirações.
Não há Partido como o PCP, este partido da classe operária e de todos os trabalhadores, dos desfavorecidos, de todos os que são vítimas desta política ao serviço dos grandes grupos económicos e financeiros.
O Partido que conhece e sente os problemas e intervêm para os resolver. O Partido que actua para dar resposta á aspiração a uma vida melhor.
Partido dos trabalhadores e do povo, Partido que se identifica com o melhor da intelectualidade e da cultura, na resistência que contou sempre no seu seio com o contributo de homens e mulheres de uma grande dimensão humana, cultural e política.
Permitam-me que aqui realce e lembre dois militantes comunistas que no trajecto das suas vidas honraram com a sua dedicação à causa do povo este nosso Partido. Óscar Lopes, que neste ano de 2007 é homenageado pelo seu 90º aniversário, e Adriano Correia de Oliveira quando perfaz o 25º aniversário do seu falecimento.
Digam o que disserem uma realidade se comprova ao longo dos anos, não há solução para os problemas nacionais sem um PCP mais forte.
Neste momento difícil para tantos portugueses o Partido Comunista Português está com eles, com os trabalhadores em geral, com os trabalhadores da administração pública, com os desempregados, com os trabalhadores com vínculos precários, com as famílias endividadas fortemente atingidas pelo aumento das taxas de juro, com os jovens, com as mulheres e a defesa dos seus direitos, com os reformados e pensionistas, com as pessoas com deficiência, com os pequenos e médios empresários, com os pequenos e medos agricultores, com os profissionais das forças de segurança e os militares.
Que todos saibam que há um Partido que os acompanha e se preocupa com os seus problemas e aspirações. Que há um Partido que não desiste de Portugal, que há um Partido que resgata o que de mais nobre tem a política: servir os trabalhadores e o povo e não servirmo-nos da política e dos cargos para nos servirmo-nos a nós próprios!
Aos que votaram no PS e hoje vêm a sua esperança traída por uma política injusta que agrava os problemas e corta as pernas ao futuro; aos que se indignam com as tentativas de limitação e cerceamento das liberdades e da democracia; aos que desiludidos baixam os braços ou se revoltam em silêncio; aos que fustigados pelas agruras de uma vida difícil se fecham e tantas vezes se responsabilizam a si próprios pelas consequências de uma política devastadora do nível de vida e dos direitos, a todos dizemos: nada está definitivamente perdido. Ganhem consciência das causas e dos responsáveis por este estado de coisas!
É possível resistir e vencer. É possível romper com esta política injusta. É possível construir um País à medidas das necessidades e aspirações do povo português.
A todos dizemos. Vale a pena lutar. Apoiem o PCP. Apoiem este Partido que se opõe à exploração, à miséria, à pobreza, à cada vez maior concentração da riqueza. Que não tolera esses interesses mesquinhos de uma reduzida casta de privilegiados que engrossa as suas fortunas à custa do país e da grande maioria da população.
Este Partido que não aceita esta situação, não tolera este estado de coisas, que quer mudança e luta com os trabalhadores e o povo para que haja uma profunda mudança em Portugal, para melhor!
A todos dizemos apoiem o PCP.
Num mundo em que o capitalismo mostra a sua natureza exploradora e agressiva apoiem este Partido portador do ideal e projecto de uma democracia avançada e de uma sociedade nova liberta da exploração e da opressão, a sociedade socialista.
Portador do ideal e projecto humanista razão de ser da luta de gerações de homens e mulheres que nos mobiliza neste inicio do Século XXI, com uma determinação sem limites e uma inabalável confiança no futuro.