mais uma vez a força das lutas dos utentes força Ana Paula Vitorino a desculpas esfarrapadas
A secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, afirmou recentemente que a introdução das portagens nas SCUT irá ser reavaliada.
Trata-se, de um recuo táctico que acontece na aproximação de um ciclo eleitoral onde a sua anunciada candidatura a deputada, nas listas do partido Socialista, pelo Distrito do Porto, também pesou. Lembra-se certamente Ana Paula Vitorino do clamor de protesto manifestado pela população desta região que se traduziu, entre outros actos, na entrega ao Primeiro Ministro de um abaixo-assinado com mais de 63 mil assinaturas, de uma marcha automóvel com muitas centenas de viaturas e de um buzinão em muitos pontos do Distrito com enorme adesão.Sabe a secretária de Estado que os argumentos que agora invoca para a reavaliação da introdução das portagens nas SCUT coincidem com os que, desde sempre, foram apresentados por quem se opunha a tal medida, tais como o PIB e o Poder de Compra. Importa no entanto lembrar que os números actuais destes indicadores só atestam o agravamento profundo da crise económica e social vivida na região, designada pela governante/candidata do PS como “alteração profunda em termos económicos”. Não há alteração, há agravamento. O que há é muita demagogia. Ana Paula Vitorino bem sabe que ainda em Dezembro último, conforme foi público, o Governo manifestou a sua disposição de não ceder aos protestos dos utentes e introduzir as portagens nos primeiros meses deste ano.
A secretária de Estado sabe que caso fosse tentada a concretização deste processo, ter-se-ia assistido a um protesto de grandes dimensões, certamente ainda maior que os anteriores. Por isso, o Governo PS recuou, tal como recuou o Governo PSD/CDSPP em 2004. Com as afirmações feitas, Ana Paula Vitorino procura lavar a imagem de um governo, de que faz parte, que só não concretizou o seu objectivo de introdução das portagens porque encontrou uma forte oposição das populações e sua organizações e que, ao contrário do que diz, tem discriminado negativamente o distrito e praticado uma política fortemente centralizadora.
Com essas afirmações, procura, ainda, defender a sua candidatura pelo distrito, ao qual laços muito ténues a ligam, candidatura essa que não pode ser desligada da política desenvolvida por este governo, responsável maior pela crise económica e social que o distrito há muito vive.
A CDU/Porto, que sempre apoiou a luta desenvolvida pela população e sua comissões de utentes, desafia as outras forças políticas a incluírem nos seus programas eleitorais o compromisso de tudo fazerem para que as portagens não sejam introduzidas na A28, A29, A41 e A42.
A CDU/Porto estará do lado em que sempre esteve – das populações e do desenvolvimento do Distrito – ao mesmo tempo que rejeita as flutuações e a demagogia eleitoralista. Era bom, para memória futura, que Ana Paula Vitorino deixasse estas afirmações por escrito. Para que os ventos não as levem para longe, depois de Setembro.
Porto, 5 de Agosto de 2009
A CDU/Porto