A DORP do PCP reuniu hoje com o STRUN (Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários Urbanos do Norte) para avaliar a situação na STCP, uma empresa de importância nuclear na Área Metropolitana do Porto. A qualidade e fiabilidade do serviço prestado por esta empresa pública deve-se, em grande medida, ao empenho e dedicação dos seus trabalhadores.
As opções da administração da empresa e das câmaras municipais (que são os accionistas da STCP) ao longo dos anos tem conduzido à degradação das condições de trabalho e do poder de compra dos trabalhadores.
Pelo facto de não haver actualizações salariais que compensem o aumento do custo de vida, os trabalhadores da STCP empobrecem trabalhando. Nos últimos dois anos, os dois primeiros escalões da tabela remuneratória foram já ultrapassados pelo Salário Mínimo Nacional, sendo que um motorista que entra para a STCP aufere o salário de 840€.
Fruto destas opções, do desinvestimento e da desvalorização do trabalho e dos trabalhadores, a STCP está confrontada hoje com dificuldades de recrutamento e fixação de trabalhadores, designadamente de motoristas, havendo escalas diárias com défice 80 a 100 motoristas, levando à supressão de serviços e fazendo com que carreiras com, em alguns períodos do dia, frequência de 15 minutos só tenham autocarros em intervalos de 30 ou 40 minutos.
Inicio da operação BRT (Metrobus) acentuará problemas
A operação BRT (Metrobus) na cidade do Porto será assegurada – e bem – pela STCP.
Recorde-se que, segundo o concurso público, "até 28 de Junho de 2024 terão de estar recepcionados oito veículos BRT", sendo que "os restantes quatro veículos devem estar recepcionados até à data limite de 30 de Agosto de 2024". Já em 2024, a empresa Metro do Porto falava num “ligeiro atraso”, mas garantia que as viaturas chegariam até ao final deste ano. Agora, há uma nova perspectiva que aponta para meados de 2025!
Mas a entrada em funcionamento desta operação reclama a “tão falada” aquisição de viaturas específicas, mas também o recrutamento de novos motoristas. Apenas para o serviço BTR previsto para o troço entre a Casa da Música e a Praça do Império (ou o Castelo do Queijo) podem ser necessários mais de 30 motoristas.
Preservar o serviço público de transportes, valorizar os trabalhadores
A STCP é uma empresa estratégica para a Área Metropolitana do Porto. A forma como a administração da empresa e as câmaras municipais têm gerido a empresa e tratado os trabalhadores contribui para a degradação do serviço público prestado.
A DORP do PCP reclama da administração e das câmaras municipais uma intervenção que garanta o respeito pelos direitos e a justa valorização salarial destes trabalhadores, bem como a contratação dos motoristas em falta (cerca de 100) para responder à operação prevista.
Porto, 13 de Setembro de 2024
O Gabinete de Imprensa da DORP do PCP