Trabalho
Sobre a proposta de redução das remunerações da Administração da Empresa Metro do Porto, SA
1. A actual situação financeira da empresa Metro do Porto, SA é o corolário das situações de subfinanciamento, nomeadamente com incumprimento pelos sucessivos governos PS, PSD e CDS das transferências de indemnizações compensatórias, tal como o PCP tem vindo a denunciar;
2. Esta situação não pode ser dissociada, também, da alteração da estrutura accionista e de gestão da Metro do Porto (que colocou a Administração Central em maioria, remetendo a Junta Metropolitana do Porto para uma situação minoritária), cozinhada por Rui Rio e pelo
governo PS e que, ao contrário do então prometido, não se traduziu em nenhuma vantagem para a empresa nem para o projecto – como, aliás, se prova pelo facto de a “contrapartida” de execução calendarizada das obras da 2ª fase não ter sido cumprida.
3. Não deixa de ser curioso, também, que Rui Rio proponha, agora, a redução das remunerações dos administradores da empresa Metro do Porto.
E essa curiosidade devesea três motivos principais:
• Em primeiro lugar, porque o PSD e o seu grupo parlamentar (escolhido, como se sabe, quando Rui Rio era o primeiro Vice-Presidente e “braço direito” de Manuela Ferreira Leite), impediram, recentemente e por várias vezes, a fixação de um “tecto” para as remunerações dos administradores das empresas públicas que o PCP apresentou na Assembleia da República;
• Em segundo lugar, porque Rui Rio propõe esta redução para a empresa Metro do Porto, desconhecendo-se idêntica preocupação com a redução das remunerações que ele próprio fixou, por exemplo, para o seu Chefe de Gabinete na Câmara Municipal do Porto e para o intitulado “Presidente da Comissão de Reestruturação”da Águas do Porto (remunerações essas que, como é público, são superiores às do
Presidente da República e, utilizando as palavras do próprio Rui Rio, se situam "num patamar que é injusto para os portugueses”);
• Em terceiro lugar, porque Rui Rio, apenas depois de ter deixado o Conselho de Administração da Metro do Porto (onde se manteve durante cerca de 8 anos), auferindo elevadas remunerações, é que se lembra de propor a redução das remunerações dos respectivos administradores.
4. Com os exemplos acima descritos demonstram-se os propósitos demagógicos de Rui Rio que, levantando uma proposta com sentido positivo e necessário, no exercício das suas responsabilidades públicas tem concretizado uma prática em sentido contrário.
5. A DORP do PCP alerta a população do grande Porto e os utentes do metro para a campanha em curso com os objectivos de desresponsabilizar PS, PSD e CDS pela actual situação de estrangulamento financeiro da Metro do Porto, pelos atrasos no cumprimento
da sua 2ª fase de expansão e tendo em vista a criação de ambiente para a introdução de mais medidas gravosas no futuro.
Porto, 26 de Março de 2011
A DORP do PCP