A Direção da Organização Regional do Porto (DORP) do Partido Comunista Português (PCP) concluiu, nesta segunda-feira, 29, um conjunto de contactos e de reuniões com profissionais de Saúde e sindicatos do sector sobre a situação do Serviço Nacional de Saúde (SNS) na região e as condições dos trabalhadores ao seu serviço.
Os encontros confirmaram o acerto das preocupações do PCP quanto ao momento muito crítico que se vive na Saúde, na região e no país, situação que, sendo grave, não corresponde à ideia de “caos” propalada por quem pretende desvalorizar e desacreditar o SNS. A DORP adverte, de resto, que ninguém conte com o PCP para denegrir o SNS.
A situação é produto designadamente das sucessivas políticas de desvalorização e subfinanciamento do SNS (Por exemplo, o Orçamento de Estado de 2022 consagra menos 1,1 mil milhões de euros do que o executado em 2021) e da drenagem de mais de 21 mil milhões de euros para prestadores privados – da contratação de tarefeiros à contratualização de meios complementares de diagnóstico.
A situação resulta também da desvalorização e estagnação das carreiras dos vários grupos profissionais de saúde e de degradação das respetivas condições salariais e de trabalho, a par de uma crescente desorganização de serviços, responsáveis por uma espiral de desgaste e de desmotivação, mormente nos hospitais, que abriu caminho ao aliciamento por parte de importantes grupos de hospitalização privada.
Em várias unidades hospitalares da região, o êxodo de profissionais muito ou altamente diferenciados para a hospitalização privada corresponde já a pelo menos um quarto dos respectivos serviços.
Por outro lado, há mesmo hospitais (Tâmega e Vale do Sousa, por exemplo) que estão já a transferir doentes para unidades privadas (Trofa Saúde-Alfena).
Tendo em conta o volume de serviços já hoje externalizados e a migração de profissionais, o grau e a intensidade da captura do SNS pelos interesses privados são tais que, a manter-se este caminho, em breve restará muito pouco do que se possa considerar Serviço Nacional de Saúde.
Ao mesmo tempo que responsabiliza a direita que trabalha ativamente pela entrega do negócio da saúde aos interesses privados e o PS que se cumplicia com esse desígnio, o PCP reafirma a sua firme determinação em bater-se pelo reforço do financiamento do SNS, pela utilização preferencial dos recursos públicos no SNS, pelo reforço da autonomia do sector da Saúde, pela valorização das carreiras e dos salários dos profissionais e pela efetiva da consagração da sua dedicação exclusiva voluntária.
Porto, 30 de Agosto de 2022
O Gabinete de Imprensa da DORP do PCP