Intervenção de Jaime Toga, responsável da ORP do PCP

comcio_porto
Porto, 13 de Junho de 2009
 
 Camaradas,
Durante a última campanha eleitoral, várias vezes afirmamos que após as eleições cá estaríamos novamente, fossem quais fossem os resultados.
E cá estamos! Mas estamos mais confiantes, reforçados pelo voto popular e animados pelo crescimento eleitoral da CDU.
As características do nosso Partido, o nosso compromisso com os trabalhadores e o Povo, a vontade e o querer de transformar esta sociedade – acabando com a exploração do Homem pelo Homem – fazem com que o colectivo partidário esteja concentrado no desenvolvimento da luta de massas, no reforço da organização do Partido e nas batalhas eleitorais que se avizinham.
Contudo, sem nos mantermos agarrados aos resultados eleitorais, não podemos passar por cima de uma importante e significativa subida da CDU no distrito do Porto.
Foram mais 12500 votos que nas anteriores eleições europeias, resultantes de um crescimento eleitoral em todos os 18 concelhos do distrito e da mais significativa subida da CDU em todo o País.
Este resultado só foi possível pela intensa campanha de massas, com mais de 350 acções que envolveram os candidatos, os dirigentes, os militantes, os activistas e os eleitos das componentes da CDU.
Uma campanha de esclarecimento que privilegiou o contacto com os eleitores e que nos levou à conversa com milhares e milhares de pessoas.
Sabemos que este resultado não deriva de favores, de modas ou de gritos de alma inconsequentes. Temos consciência do valor e da responsabilidade de cada voto confiado em nós.
Mas também estamos cientes do nosso contributo para que no passado dia 7 de Junho tivesse sido dado um claro sinal de rejeição das políticas de direita do PS.
Aqui, no distrito do Porto, o PS perdeu mais de 90 mil votos, evidenciando a profunda rejeição popular pela prática do Governo do PS, colocando a nu a exigência de um rumo alternativo para o distrito e para o País, mas deixando também bem claro que o povo não se esquece de quem encerrou serviços públicos essenciais, nem se ilude com o anúncio de programas de combate à crise que depois não passam do papel, ou servem apenas para encher os bolsos aos mesmos do costume.
Não nos podem continuar a iludir com o programa de apoio ao sector automóvel, e depois querer que os trabalhadores da CNB-CAMAC abdiquem de centenas de euros dos seus salários para que a empresa continue a laborar.
Não pode o governo vir apresentar um programa de apoio à indústria do mobiliário para seis meses depois nada ter saído do papel, enquanto que a taxa de desemprego em Paredes e Paços de Ferreira cresce de forma preocupante para valores superiores à média nacional.
Não pode o governo PS anunciar programas de apoio à indústria da Moda, deixando que as micro empresas, que representam mais de 80% do sector têxtil e vestuário, morram asfixiadas.
Não pode este governo, a escassos meses do seu fim, continuar a gerir cargos públicos como uma coutada, privilegiando os seus comparsas em detrimento da competência profissional.
O que está a acontecer na Autoridade Metropolitana de Transportes do Porto é bem demonstrativo da prática pelo PS do conhecido “jobs for de boys”, neste caso “for de girls”, em que é nomeada como responsável quem não tem qualquer competência reconhecida na matéria. A não ser que seja um prémio por Isabel Oneto, enquanto Governadora Civil do Porto, ter movido processos judiciais a dirigentes sindicais, a estudantes e a activistas dos movimentos de utentes pelo delito de estarem com aqueles que contestaram a política de direita do governo PS.
Foi a isto que, também o povo da nossa região, disse não no passado dia 7.
Estão agora reunidas melhores condições para a afirmação de um projecto de ruptura com as políticas deste Governo PS, com expressão na acumulação de forças e vontades que possam traduzir-se eleitoralmente nas próximas eleições legislativas, reforçando novamente a CDU e proporcionando uma alteração na correlação de forças de sentido democrático que permita optar por uma política em defesa do nosso aparelho produtivo, das nossas pescas e agricultura, de investimento público que impulsione o nosso desenvolvimento económico, na defesa de um futuro de progresso e justiça social.
Esta consciência da justeza das nossas propostas, aliada à força e ao apoio crescente que sentimos no dia a dia, faz com que assumamos desde já a quantificação de objectivos para o que resta do ciclo eleitoral.
Queremos reforçar a nossa presença nas autarquias, particularmente nos executivos municipais onde temos deixado bem claro a diferença entre os outros e os eleitos da CDU que alicerçam o seu desempenho no trabalho, na honestidade e na competência.
Mas também estamos certos que o povo do nosso distrito dará um forte contributo para o reforço do grupo Parlamentar do PCP, elegendo o terceiro deputado da CDU pelo círculo do Porto.
Camaradas,
A confiança com que construímos a grandiosa Marcha de 23 de Maio, o empenho com que realizamos a última campanha eleitoral e a combatividade diária dos nossos militantes e activistas dão-nos a garantia de que é possível consolidar e avançar, sempre perspectivando o reforço dos organismos, a responsabilização de mais camaradas e o recrutamento daqueles que se destacam na luta.
Os trabalhadores e o povo sabem que nós não nos enconchamos nem nos enconcharemos nas discussões em tornos dos protagonistas desta ou daquela lista.
Não fechamos nem fecharemos para preparar a campanha eleitoral.
Continuamos a priorizar o reforço da organização partidária, elemento essencial para melhor enfrentarmos as batalhas que nos esperam.
Começaremos a construir a Festa do Avante no próximo dia 20 de Junho e já estamos a organizar a brigada regional de implantação para 14, 15 e 16 de Agosto.
Prosseguimos o combate no terreno às políticas de direita. Estamos nos locais de trabalho, com outros trabalhadores a contestar o código do trabalho e a exigir a revogação das suas normas mais gravosas.
Denunciamos o bloqueio do patronato à contratação colectiva e lutamos contra a retirada de direitos, pelo progresso social, por salários dignos, pelo emprego com direitos e contra a precariedade.
Estamos com os trabalhadores da qimonda na defesa dos postos de trabalho, exigindo soluções que mantenham a empresa a laborar.
Estamos com os estudantes contra a elitização do ensino e contra a tentativa de privatização da Universidade do Porto.
Estamos com os professores contra o estatuto da carreira docente.
Estamos com as populações contra o encerramento de serviços públicos.
Camaradas,
Quem luta e resiste sabe que conta com o PCP. Quem é atingido pela política de direita deste governo sabe que conta com a solidariedade, o apoio e a luta coerente e consequente deste Partido.
Cá estamos e cá estaremos para continuar a luta!

Viva o PCP