Intervenção de Ilda Figueiredo
Primeira Candidata da lista da CDU ao Parlamento Europeu
Queridos camaradas
No momento em que comemoramos 88 anos de vida e luta do PCP pela transformação social, contra a exploração capitalista, por uma sociedade justa e solidária, pelo socialismo, é importante sublinhar que a luta continua por um outro rumo para Portugal e por uma outra Europa de progresso social, de solidariedade e de paz. Estas comemorações decorrem num momento de intensa luta de classes, após a grandiosa manifestação promovida pela CGTP, de sexta-feira passada, em que quase todos os que aqui estão contribuíram para os mais de 200 mil quês protestaram em Lisboa contra as políticas do Governo do PS/Sócrates.
É a mesma luta com que defendemos os direitos das mulheres e pugnamos pela igualdade em direitos e em salários dignos para todos os trabalhadores. E oito dias depois do 8 de Março, aqui vai uma saudação especial para todas as mulheres, as maiores ganhadoras na revolução de Abril, já que só a partir daí vimos reconhecido o estatuto da igualdade e plena cidadania. Mas sabemos que os direitos se têm de defender todos os dias. Que o capitalismo que explora os trabalhadores e desvaloriza o trabalho põe em causa os direitos das mulheres e agrava discriminações e desigualdades. Por isso, a nossa luta vai continuar, aqui e no Parlamento Europeu na defesa e promoção dos direitos das mulheres, pela defesa da maternidade e paternidade como valores sociais eminentes que a Constituição da República Portuguesa consagra mas que as práticas todos os dias desmentem.
É a mesma luta em que juntamos a nossa força, a nossa vontade e a nossa voz contra as liberalizações e privatizações de sectores estratégicos e serviços públicos essenciais que a Estratégia de Lisboa e o Pacto de Estabilidade impulsionaram, e que sucessivos governos PS e PSD/CDS-PP usaram e abusaram para permitir a construção de novos e velhos grupos, que agora levam os lucros e os ganhos escandalosos da riqueza que os trabalhadores criam e que o povo paga, como está a acontecer nos sectores da energia e financeiro.
É a mesma luta pela defesa dos sectores produtivos, da agricultura, das pescas e da indústria e contra as sucessivas cedências de soberania portuguesa e das políticas de direita que conduziram à situação de dependência e de desemprego que hoje se vive e tem aqui no Norte particular gravidade.
Primeiro foram as indústrias do sector têxtil e vestuário, calçado, cablagens, material eléctrico. Agora é a indústria que foi considerada de ponta e apontada pelo Primeiro-Ministro José Sócrates como a alternativa aos sectores tradicionais predominantes na região. O caso da Qimonda é particularmente grave. Além de inadmissível pelo emprego que já envolveu e ainda envolve, é inaceitável que a União Europeia deixe destruir as suas indústrias em áreas estratégicas, e fique dependente dos EUA e de países da Ásia, que apoiam as suas indústrias, com o impacto que tudo isto tem nos milhares de empregos directos e indirectos, nos centros de pesquisa e desenvolvimento de outros parceiros da Qimonda, em Vila de Conde e na própria Alemanha. É inadmissível que a Comissão Europeia e o Governo Português e Alemão não se empenhem nesta questão nos mesmos termos em que o fizeram com a banca, com o sector financeiro. Como afirmei, na semana passada, em Estrasburgo, estamos à beira de um grave risco social, se não forem tomadas medidas para travar o crescimento do desemprego e para garantir a produção.
Por isso desenvolvemos todos os esforços necessários visando a sensibilização do PE, da Comissão e do próprio Conselho para, de todas as formas possíveis, a curto prazo, incluindo ajudas estatais, apoios financeiros comunitários e garantias de crédito, manter uma indústria estratégica para a economia da União Europeia, e, a médio prazo, para desenvolver esta e outras áreas industriais e criar mais empregos com direitos.
É a mesma luta contra a flexigurança e a desregulamentação laboral, contra o ataque a conquistas históricas dos trabalhadores, como o direito à greve e à contratação colectiva, que permanecem ameaçadas com as negociações que vão decorrer na próxima semana em torna novamente da directiva do tempo de trabalho. O Conselho quer impor o texto vergonhoso que foi rejeitado em Dezembro. Fizeram-lhes alguns retoques mas mantêm o essencial da desvalorização do trabalho e do agravamento da exploração e do ataque aos sindicatos e à contratação colectiva. Vamos novamente dizer Não a estas propostas. Que democracia á esta em que passam a vida a retomar o que foi rejeitado, mudando algumas vírgulas, mas mantendo o essencial? É o mesmo que estão a fazer com o projecto de Tratado de Lisboa, que querem impor a toda a força, desprezando as opiniões dos povos nos referendos, primeiro, da França e da Holanda, e, agora, da Irlanda, onde anunciam um novo referendo para o Outono, após as eleições para o Parlamento Europeu.
É para continuar esta luta que precisamos de mais força, de mais votos, de mais deputados, do vosso empenhamento e da vossa coragem neste curto período que falta para as eleições de 7 de Junho para o Parlamento Europeu.
Tudo isto demonstra, camaradas, que é fundamental dar mais força à CDU. Que é necessário mobilizar toda a gente descontente, toda a gente que se sente enganada e vítima destas políticas, para o voto na ruptura, para o voto contra o agravamento das desigualdades, o desemprego e o trabalho precário e mal pago, para o voto por uma outra Europa baseada no princípio de Estados soberanos e iguais em direitos, onde as pessoas estejam sempre no centro das preocupações e das políticas, e não apenas na conversa de campanha eleitoral, onde a corrupção seja combatida, onde não haja lugar para as benesses e compadrios para alguns, enquanto usam o argumento da crise para sacrificar sempre os mesmos: os trabalhadores, os desempregados, os reformados e os micro e pequenos empresários.
Precisamos de mais força do PCP, de mais votos na CDU, para a continuar a luta até às eleições e depois delas, contra o projecto de Tratado de Lisboa, contra as propostas de directivas sobre o tempo de trabalho e os ataques aos sindicatos e à contratação colectiva, contra a liberalização que agora querem retomar na área da saúde e que a luta dos trabalhadores e dos povos tinham obrigado a sair da famigerada directiva Bolkestein.
Precisamos de mais força e mais votos na CDU para exigir o respeito pelos direitos laborais e sociais consagrados na Constituição da República Portuguesa, para lutar por outra Europa de paz e cooperação com os povos de todo o mundo, onde não haja lugar para directivas da vergonha e do retorno, onde não haja reforço do militarismo, da ingerência e da guerra.
A luta é o caminho, seja a luta dos trabalhadores e dos povos, como a manifestação de 13 de Março, seja a luta eleitoral, a mobilização para o voto na CDU e a votação, em 7 de Junho, nas eleições para o Parlamento Europeu.
É minha convicção que vamos conseguir com a vossa força e coragem, com o empenhamento de todos. Por que isso é importante para o Portugal de futuro que queremos construir, para a outra Europa que é possível. Parafraseando o poeta José Gomes Ferreira não vamos ficar à “espera que o terror do inverno disfarçado de rosas atraiçoe a primavera”.
Vamos enfrentar os desafios, vamos fazer do dia 7 de Junho, um dia de luta na qual o voto é a arma dos trabalhadores e do povo, erguendo alto os cravos de Abril, símbolo da esperança e da luta que nos anima na construção de um novo rumo para Portugal e de uma Europa dos trabalhadores e dos povos, de progresso e de justiça social.
Viva o PCP!