
No Porto frequentou o liceu Alexandre Herculano, cursou Engenharia, Matemáticas e Físico-Quimicas, em Coimbra e no Porto.
Recusando subscrever a “declaração anti-comunista”, foi impedido de leccionar no ensino oficial. Deu explicações e foi delegado de propaganda médica.
O primeiro livro de versos foi publicado em 1942 sob o título “Esboço”, a que se seguiu “Estrada Nova” em 1946, obra visivelmente neo-realista que despertou o interesse do público e da PIDE, que a apreendeu.
Seguiram-se “A Ave sobre a Cidade”, “Canto Fraternal”, “Terra com Sede”, “Caminhemos Serenos”, “O Rio na Treva”, entre outros. Entre 1957 e 1961, com Egipto Gonçalves, Luís Veiga Leitão, António Rebordão Navarro e Daniel Filipe, participou na direcção literária dos fascículos de poesia “Notícias de bloqueio” e na antologia “Sonhar a Terra Livre e Insubmissa”. Na sua criação literária mereceram relevo especial obras para crianças, narrativas em prosa e em verso, como a conhecida “A Menina Gotinha de Água”. Em 1998 publicou ainda o livro “A Memória com Passaporte: Um tal Perafita na «Casa del Campo» - Relato de um prisioneiro na PIDE do Porto em 1937”.
É de 1949 a sua profunda ligação ao Partido Comunista Português, tendo sido, juntamente com a esposa, Olívia Vasconcelos, ao longo de muitos anos, um forte apoio à luta de resistência do PCP e dos seus funcionários na clandestinidade. Preso pela PIDE em diversas ocasiões, participou intensamente na luta da Oposição Democrática no Porto, integrando e animando movimentos associativos e culturais como “Os Modestos”, o TEP e também a nível nacional e internacional, no Conselho Nacional para a Paz e Cooperação.
Após o 25 de Abril integrou o Sector Intelectual da Organização Regional do Porto do PCP, mantendo uma elevada militância e participação nas lutas em defesa das conquistas revolucionárias, em particular da Reforma Agrária e da Constituição da República.
A morte de Papiniano Carlos significa a perda de um homem de letras, de um intelectual comunista que, nos seus mais de sessenta anos de militância, com o seu trabalho artístico e com a sua intervenção partidária, deu um valioso contributo para a luta pela democracia, por uma sociedade mais justa, pelo socialismo.
À família e amigos enlutados, a DORP do PCP endereça o seu pesar e sentidas condolências.
05.12.2012
O Gabinete de Imprensa da DORP do PCP