O encerramento da Refinaria de Matosinhos (ou Refinaria do Porto) da Galp representou um grave desenvolvimento na política de desindustrialização e abandono de ativos estratégicos, que mostra bem como a sujeição de empresas estratégicas como a Galp às lógicas de curto-prazo de acionistas privados é lesiva do interesse nacional.
Com este fecho, injustificável do ponto de vista económico e ambiental, foram descartados cerca de 430 trabalhadores da Petrogal/Galp da Refinaria de Matosinhos, mais 600 que diariamente laboravam nas cerca de 100 empresas que operavam na zona, além dos 2500 trabalhadores cujos postos de trabalho dependiam da Refinaria.
O Governo, que aplaudiu e suportou a decisão, dizendo-se primeiro satisfeito com a redução das emissões de carbono, fingiu-se depois zangado com os acionistas da Galp, prometendo- “dar uma lição à Galp” face à sua “insensibilidade social”, em declarações do Primeiro-Ministro que se restringiram ao período eleitoral.
Perante o anúncio do encerramento, foram feitas promessas aos trabalhadores. Prometeu-se a formação profissional, a reintegração em outras atividades, e que “ninguém ficaria para trás”. Foi prometida a utilização de fundos da “transição justa” para cumprir com estes objetivos.
Passados mais de dois anos do anúncio do encerramento da refinaria, nenhuma destas promessas foi cumprida. Quanto mais tempo passa, menor é a garantia de que qualquer medida chegue efetivamente a estes trabalhadores.
Mas ao mesmo tempo que estas medidas não são asseguradas pela Galp e pelo Governo, continuam a não ser sequer garantidas as supostas medidas de compensação e formação profissional que, na altura, foram prometidas. Situação esta que se agrava quando já terminaram ou estão prestes a terminar os prazos de atribuição dos subsídios de desemprego para os trabalhadores despedidos.
Perante este profundo contraste, o Governo tem de ser chamado à responsabilidade.