Foi tornada hoje pública pela Galp a intenção de parar com a actividade de refinação na Refinaria do Porto. Esta intenção é particularmente grave, com consequências severas no interesse nacional. Se esta decisão não for travada, Portugal perderá uma infraestrutura estratégica e uma alavanca do seu desenvolvimento industrial.
Trata-se de uma decisão que pode atirar para o desemprego centenas de trabalhadores e que terá, directa e indirectamente, um impacto negativo em muitas empresas da região e potencialmente em milhares de postos de trabalho.
O Ministro do Ambiente e da Acção Climática expressou hoje alegada preocupação com a situação dos trabalhadores da Refinaria. No entanto, em entrevista a um órgão de comunicação social publicada no passado dia 12, o Ministro fez uma afirmação premonitória “o roteiro para a neutralidade carbónica diz que as centrais deveriam fechar até 2030 obrigatoriamente e fecham logo no primeiro ano da década, o que é, de facto, um avanço muito grande em fase do que estava previsto. E também em alguns dos espaços de refinação do petróleo, que acontece hoje com a fábrica da Petrogal em Leça da Palmeira - a refinaria que existe em Leça e que já está fechada há algum tempo e, obviamente, suscita preocupações. E são também preocupações sociais. Ou seja, sim. Alguns postos de trabalho vão ser perdidos aqui...”
Note-se que a Galp tornou pública a decisão apenas hoje, dia 21, permitindo questionar a coincidência entre a declaração do Ministro e a decisão da empresa.
Exigem-se explicações e responsabilidades do Governo, que é o segundo maior acionista da Galp e que tem-se mostrado lamentavelmente alinhado com as opções da gestão da empresa.
Sobre esta decisão é importante relembrar que ainda durante este ano a Administração da Galp distribuiu 580 milhões de euros em dividendos.
Ao longo dos últimos meses em que a Refinaria do Porto foi abrandando a sua actividade e foram sendo concretizados ataques aos direitos dos trabalhadores, o PCP, na Assembleia da República e na Câmara de Municipal de Matosinhos deu voz à defesa da Refinaria. Agora que se pretende encerrar a operação de refinação no Porto, a DORP do PCP manifesta desde já toda a sua solidariedade com os trabalhadores da Petrogal, sublinha o compromisso de acompanhar a sua luta e as suas reivindicações, e continuará por todos os meios à sua disposição a defender os interesses dos trabalhadores e da comunidade.
O PCP, hoje mesmo, na Assembleia da República, irá pedir a presença do Ministro para prestar explicações. Na Câmara Municipal de Matosinhos, através do seu Vereador, irá solicitar que, na reunião já agendada para amanhã, o executivo municipal se manifeste contra o encerramento da refinaria de Leça da Palmeira e em defesa dos postos de trabalho.
A DORP do PCP recorda que esta não é a primeira vez que procuram encerrar a actividade de refinação no Porto. No presente, como no passado, a mobilização dos trabalhadores, das populações, com o apoio do PCP, será um elemento fundamental para impedir a destruição deste activo estratégico para Portugal.
Porto, 21 de Dezembro de 2020
O Gabinete de Imprensa da DORP do PCP