Exmo. Senhor Jaime Toga, representante do Partido Comunista Português
Exma. Senhora Dª Bárbara Faria, representante a família de Papiniano Carlos
Exma. Senhora Chefe de Divisão de Cultura da Câmara Municipal da Maia,
Minhas Senhoras e meus Senhores,
É com muito prazer que a Câmara Municipal da Maia, através do seu Pelouro da Cultura e da sua Biblioteca Municipal se associa ao Partido Comunista Português nesta Sessão Evocativa do Centenário do nascimento de Papiniano Carlos, poeta, romancista, contista e cronista, resistente à ditadura, prosseguido e preso pela PIDE, que vivendo largos anos no Município da Maia até ao fim da sua vida, na actual freguesia de Pedrouços, ex-autarca, foi um cidadão do mundo e um dos expoentes do neo-realismo português, em que, além dele, pontuaram nomes como Alves Redol, Mário Dionísio, Vergílio Ferreira, Fernando Namora e Soeiro Pereira Gomes, entre outros.
Intelectual, humanista e pacifista, Papiniano Carlos, foi extremamente atento ao seu tempo, nele intervindo politica e socialmente com coragem, revelando, no entanto, uma enorme preocupação com o futuro, com as novas gerações, e foi isso, com toda a certeza, que o levou a ter parte substancial da sua obra, especialmente dedicada e vocacionada para os mais novos, sendo um dos principais autores de literatura para infância da segunda metade do século passado.
Esta evocação, esta lembrança pública do nascimento de Papiniano Carlos não serve apenas como justa homenagem, mas também para o trazer para o nosso presente, enquanto escritor e homem de causas, e por isso uma Biblioteca é com toda a certeza um dos melhores palcos possíveis para o fazer, muito especialmente esta que tem uma intensissíma frequência de crianças e jovens.
Vivemos tempos dificeis, por todo o lado, por todas as geografias, incluindo a Europa, os ventos que sopram não são favoráveis nem à liberdade nem à democracia, o mundo está transformado num cadinho de ódios cada vez mais extremados, completamente irracionais, em que se chega ao absurdo de se defender e sustentar o Mal pela existência e contraponto do próprio Mal, em que o dito é objecto de graduações, e de relativizações, como se ele mesmo não fosse um contra-valor absoluto, e perante isso, perante esta enorme tragédia, que por cá se adivinha e em muitos sítios já é bem real, os exemplos de vida e as obras de pessoas como Papiniano Carlos são essenciais, o que torna as iniciativas para o seu conhecimento um imperativo moral, tanto mais não seja, como tentativa para contraiar esses mesmos ventos e mudar-lhes o sentido.
Termino esta curta intervenção agradecendo a colaboração do Partido Comunista Português e na pessoa da Dra. Sofia Barreiros todo o trabalho desenvolvido pela Divisão de Cultura da Câmara Municipal da Maia.