Cultura
PCP denuncia atrofiamento da Cultura no Porto
Ao longo deste dia de trabalho, duas delegações do PCP reuniram com importantes instituições da vida cultural e artística do Porto, entre as quais o Museu Soares dos Reis, Fantasporto, Cooperativa Árvore, Academia de Artes e Espectáculos e FITEI.
Na conferência de imprensa, os deputados comunistas denunciaram a "hostilização dos agentes culturais da cidade» e «o atrofiamento total das políticas culturais às lógicas comerciais», relembrando que na autarquia portuense não existe o pelouro da cultura, algo que se considera «um elemento» que permite comprovar a desvalorização que essa área tem merecido na câmara.
Honório Novo considerou que o panorama cultural no Porto não é muito diferente do que se pode encontrar no resto do país, em consequência do desinvestimento, que se agravou em 2011, embora na cidade portuense seja «evidente e notória a falta de oferta cultural» e o facto de haver «um fervilhar de ideias que não tem tradução nos apoios».
«Verificamos que, de uma forma alargada, há um conjunto de cortes e soluções inadequadas e de propostas que vêm sido sucessivamente adiadas», afirmou, apontando os cortes na Fundação de Serralves e a indefinição em torno do Teatro Nacional São João como os maiores exemplos.
O deputado comunista avançou ainda que a situação do FITEI, depois do corte de 23 por cento do financiamento subsidiário por parte do Estado, é preocupante, uma vez que em vez das 25 companhias exteriores e dos 15 dias que constituíram a edição de 2010, este ano o festival só terá 14 companhias e 10 dias de duração.
Relativamente ao Museu Nacional Soares dos Reis, Honório Novo assegurou que este depende de um «orçamento de sobrevivência», que não dá para cumprir a programação anual e impede a aquisição de novo espólio.
«Não se entende que este museu não tenha um euro para esta finalidade», reforçou, indicando que a última peça comprada pela instituição remonta a 2007.
O deputado Jorge Machado preferiu destacar o «claro abandono relativamente à região Norte» e a «grande discriminação» de que os agentes culturais do Porto são alvo, recordando o caso «bastante preocupante» do Palácio do Bolhão, cuja segunda fase de recuperação está «seriamente comprometida», porque o governo se recusa a pagar os 300 mil euros que lhe competem no processo.
Honório Novo garantiu que os comunistas vão agora avaliar a informação recolhida, no sentido de questionarem o Ministério da Cultura relativamente aos diversos problemas encontrados.
«Das duas uma: ou há um aumento do orçamento da Cultura ou mais vale que não haja ministra», concluiu ironizando.