Declaração de Paulo Raimundo, Secretário-Geral do PCP
Viemos à Feira Agrícola do Vale do Sousa, respondendo ao amável convite que a organização nos fez em particular para aprofundar o acompanhamento da situação na agricultura e no mundo rural.
Os contactos realizados confirmam por um lado a persistência da pequena e média agricultura que predomina nesta região e, por outro lado, as dificuldades que nos têm sido relatadas em muitos outros espaços onde temos estado, inerentes aos custos crescentes dos factores de produção, aos preços pagos aos produtores que nem são compensadores nem correspondem aos elevadíssimos preços que consumidores pagam na grande distribuição, e aos efeitos da seca, com grande impacto em diversas produções e particularmente na alimentação animal.
Dificuldades que são agravadas pela ausência de respostas do Governo, pelos apoios que quase só chegam ao grande agronegócio, e pela obstaculização, do Governo mas também do PSD, do CH e do IL, das propostas do PCP para lhe dar resposta.
À proposta de fixar o preço do gasóleo agrícola em valores que não fossem superiores à média dos últimos 5 anos, para o que poderia contar com as verbas da PAC, PS, PSD, CH e IL chumbaram.
As propostas de garantir a criação de uma Empresa Pública de Aprovisionamento de Cereais, dando confiança aos agricultores para o escoamento a preço justos dos cereais produzidos, de um Plano Nacional de Forragens, para assegurar a alimentação que agora começa a faltar ao gado, ou do Plano Nacional de produção de Cereais, para diminuir de facto a nossa dependência, tiveram o mesmo destino.
Sabemos que a seca é uma realidade que atinge hoje mais de metade do território, com impactos significativos, mas a seca tem as costas largas. Se aos agricultores não chegam apoios para lançarem as sementes à terra, se os produtores pecuários abatem efectivo porque as rações e as palhas estão a preço proibitivo, e os apoios anunciados são irrisórios, então o caminho não pode ser outro que ter menos produção e mais dependência.
É por isso que insistimos na denúncia da injustiça dos apoios da PAC que não chegam a quem insiste em produzir e na exigência de uma outra PAC cujo objetivo principal seja o de garantir a nossa soberania alimentar a partir de pequena e média agricultura.