Vila Nova de Gaia
PCP contra o aumento dos preços dos transportes
Depois de cortes nos salários, nas pensões, nos subsídios e apoios sociais, depois do aumento do valor do IVA nos bens essenciais de consumo, aumento do peço gás, da energia, dos combustíveis, depois do roubo de 50% no subsídio de Natal, é feito um novo ataque com o aumento dos títulos dos transportes.
Numa altura em que os níveis de pobreza crescem à medida que cresce o desemprego e que se alastra a desigualdade social, num momento em que o custo de vida se revela incomportável e em que o poder de compra diminui de dia para dia, sufocando as famílias portuguesas (que vêem o seu salário cada vez mais curto para as contas e prestações que não param de se multiplicar), o Governo PSD/CDS, em conjunto com o PS e com a conivência do Presidente da República, aprovam medidas que empobrecem ainda mais os trabalhadores e o povo.
Após um aumento de na ordem dos 5% no início do ano, os utentes dos transportes verão os um novo aumento nos passes e nos bilhetes, com valores terão um acréscimo de cerca de 15%, podendo mesmo chegar aos 25%!
Este aumento dos transportes serve essencialmente para ajudar ao processo de privatização das empresas do sector, especialmente a linha suburbana da CP de Lisboa e Porto, Carris, STCP e Metropolitano de Lisboa. Mais uma vez PSD, CDS e PS cedem novamente aos interesses do capital.
O concelho de Vila Nova de Gaia tem uma rede de transportes nitidamente insuficiente para as suas necessidades, considerando a sua dimensão geográfica e a sua população. O Metro limita-se a servir três quartos da Avenida da República, não chegando nem ao Hospital, nem a Vila D’Este, com as promessas da construção desta linha continuamente adiadas.
As dificuldades de mobilidade são visíveis para todos os que não possuindo transporte próprio, ou não tendo a possibilidade económica de o utilizar no dia-a-dia, residem ou trabalham fora do centro do Concelho.
Hoje, o bilhete mais barato para qualquer utente que utilize o Metro custará (Z2) 1,00€. A partir de 1 de Agosto o mesmo bilhete passará a custar 1,10€. Este é o bilhete que permite ir da estação D. João II até ao jardim do Morro. Quem pretender ir até aos Aliados, por exemplo, passará a pagar 1,40€ quando até ao final deste mês pagaria 1,25€. O passe Z3 (por exemplo D. João II - Pólo Universitário) terá um escandaloso aumento de 6,15€, um aumento acima dos 20%! Basta pensar que muitos estudantes universitários não trabalham, que viram as suas bolsas de estudo drasticamente diminuídas e que as suas famílias têm salários de miséria.
Os STCP com o anúncio da supressão de linhas no concelho (como a linha 900 e 905 em Vilar de Andorinho), com a diminuição horários de diversas linhas (como por exemplo a supressão de horários do autocarro ZF aos sábados, domingos, feriados e com o fim da última carreira durante a semana), comprometem profundamente a qualidade de serviço público que devem prestar às populações. Comprometem ainda mais com o aumento de preços que se avizinha. O passe dos STCP que abranja a zona de Gaia e Porto passará dos actuais 32,00€ para 36,20€ - mais 13%. Um título ocasional dos STCP que tem um custo mínimo de 1,85€ passará a ter um custo mínimo de 2,00 €.
O comboio (transporte de passageiros), que no concelho de Vila Nova de Gaia assenta exclusivamente na linha do Norte Porto-Aveiro, apresenta um serviço com horários muito limitativos, especialmente para quem mora em zonas de apeadeiros. Quem pretender ir de Espinho a Gaia paga actualmente 1,45€. Passará a pagar 1,60€. O passe Z3 (Espinho-Porto) terá um novo valor de 41,80 €, quase 10% do salário mínimo nacional!
A mediocridade da rede de transportes públicos em Gaia, abre espaços gigantescos aos operadores privados, que assumem as zonas mais afastadas do centro do concelho, locais cuja dificuldade de mobilidade das populações e falta de alternativa, as transforma em zonas de bastante lucro para as empresas de transporte que aí operam.
É o caso da União de Transportes dos Carvalhos (que serve zonas como Olival, Grijó, Carvalhos, Pedroso, Serzedo, entre outras) e da J. Espírito Santo (servindo Oliveira do Douro, Avintes, Lavadores, Afurada, Paniceiro, Perosinho), duas das maiores empresas de transportes do concelho, que apresentam os seus tarifários com valores baseados em quilómetros. A partir de 1 de Agosto quem tiver que percorrer 5 a 6 quilómetros passará a pagar 1,70€ por bilhete e 35,85€ quando anteriormente a esta mesma distância correspondia 1,60€ e 34,70€.
Pensemos agora em alguém que more em Pedroso e que tenha que trabalhar no Porto, usando a camioneta da UTC – os cerca de 18 km que separam estes dois pontos vão equivaler a um bilhete que rondará 2,85€ e um passe que rondará 72,00€, se considerarmos os aumentos na ordem dos 15%.
Este é um dos presentes envenenados de Verão que o Governo PSD/CDS, com a ajuda do PS e com a conivência do Presidente da República, pretende oferecer aos trabalhadores, jovens e reformados deste país.
Repete a já gasta e velha ladainha de ter encontrado uma economia num estado pior do que pensaria encontrar. Pretende assim justificar o injustificável, desculpar-se do indesculpável, pedir tolerância e compreensão para o intolerável e incompreensível.
Como se, nos últimos 35 anos, estes mesmo senhores não tivessem sido protagonistas e cúmplices da aprovação de medidas e da prática de políticas que conduziram o país ao desastre actual.
O PCP afirma a sua forte e convicta rejeição destas medidas, que colocam novamente em causa a qualidade de vida dos trabalhadores e do povo português, para quem tudo aumenta, menos o seu salário.
É neste quadro de intensa injustiça que o PCP continuará a sair para a rua, para informar, esclarecer e apelar à luta, como aconteceu esta manhã com a distribuição de um documento na estação do Metro D. João II, que denunciava claramente o prejuízo dos utentes dos transportes com a aplicação destes novos tarifários.
É neste quadro que o PCP manifesta o seu apoio às várias lutas que estão a ser desenvolvidas por diferentes frentes de intervenção (desde sindicatos a movimentos de utentes), que na defesa dos seus interesses e conscientes da negatividade de tamanhas medidas, rejeitam o roubo que está a ser peito.
É neste quadro que o PCP apela à participação de todos na concentração do dia 01 de Agosto, às 18h, que terá lugar na praça Almeida Garrett (próximo de S. Bento), para que se façam ouvir as vozes de indignação e protesto.
Vila Nova de Gaia, 29 de Julho de 2011
a Comissão Concelhia de Vila Nova de Gaia do PCP