Porto
Sobre a Constituição da AMIC - Associação Promotora do Museu da Ciência e da Indústria do Porto
1. Reconhecendo as intenções positivas da maior parte dos subscritores da AMIC, a CDU não pode deixar de considerar que a constituição desta Associação e a assunção do espólio do Museu contribuem para branquear a posição que a maioria PSD/CDS na Câmara e Assembleia Municipal do Porto, com a cumplicidade da Associação Empresarial do Porto, tomaram ao renunciarem às suas efectivas responsabilidades de reporem em funcionamento o Museu da Ciência e Indústria no Porto (que só está encerrado pelo facto de ter sido instalada uma Pousada no edifício da antiga Fábrica de Moagens Harmonia, antiga sede do Museu); 2. Em particular, ver o Presidente da AEP, como “Cidadão” a integrar a nova Associação, quando se conhece o papel que a AEP (recorde-se que o seu representante na Direcção do Museu, Professor Valente de Oliveira, empenhou-se tanto na extinção do Museu que fez questão de a votar como representante da AEP e, depois, de repetir essa votação, com voto de qualidade, na Assembleia Municipal!) teve na inviabilização do Museu da Ciência e Indústria, não pode deixar de ser considerado uma opção contraditória;
3. Do mesmo modo, regista-se que o PS, ao mesmo tempo que fomenta a constituição desta nova associação, alijando a Câmara Municipal do Porto das suas obrigações e compromissos, reivindica publicamente que essa mesma Câmara assuma (novas) responsabilidades pelo funcionamento do Cinema Batalha, o que não pode deixar de ser considerado como uma incoerência;
4. A CDU sublinha a sua discordância com um modelo que procura transferir para as forças vivas as obrigações e responsabilidades das entidades públicas, designadamente numa altura em que o PS no governo e a coligação PSD/CDS no Município do Porto, a pretexto da crise, procedem a importantes cortes no apoio às actividades culturais, conduzindo à asfixia de inúmeras instituições e eventos;
5. Aliás, a prova de que o desinvestimento da Câmara Municipal do Porto no Museu da Ciência e Indústria não se deve a qualquer crise financeira da autarquia, está no facto, recentemente tornado público de que o Município gastou, recentemente, 45 mil euros num estudo para analisar a viabilidade económica da constituição de um Museu do Carro Antigo, ou que vai novamente pagar cachets aos milionários proprietários de carros antigos para estarem presentes nas Corridas da Boavista (recorde-se que, em 2009, esses cachets atingiram o valor de 77,5 mil euros!). Ou seja, a soma destas duas parcelas permitiria reabrir o Museu da Ciência e Indústria, condição essencial para que o mesmo passasse a ter actividade própria para cobrir os custos e pudesse concorrer aos programas de apoio culturais.
Porto, 16 de Abril de 2011
A CDU – Coligação Democrática Unitária / Cidade do Porto