Multiplicam-se, uma vez mais, declarações sobre estudos e revisões de estudos, sobre a VCI e a mobilidade na região, com o anúncio de que o governo divulgará este mês uma actualização do estudo feito em 2021 com envolvimento do Governo, da IP e das câmaras municipais de Maia, Matosinhos e Porto.
Ora, o estudo de 2021 era feito numa lógica de redução do tráfego a partir da introdução de portagens na VCI e a introdução ou deslocação de pórticos em autoestradas confluentes (A3, A4, A28, A41), com previsão da redução de 10% do trânsito no anel rodoviário, ignorando por completo a realidade e a evolução da população no Grande Porto, nomeadamente as dezenas de milhares de pessoas que foram expulsas das cidades, mas têm que regressar todos os dias para trabalhar, num processo que prossegue fruto da especulação imobiliária que a política de direita continua a promover.
A absolutização da resposta ao problema do transito na VCI na existência de portagens em locais específicos é um erro de fundo que governo e autarcas da Área Metropolitana do Porto insistem em tentar impor, ao mesmo tempo que tem recusado propostas concretas apresentadas pelo PCP, designadamente ao nível da Assembleia Municipal do Porto, onde os deputados da CDU propuseram a isenção das portagens e avaliação do seu impacto, ou a colocação de meios de intervenção rápida junto à VCI com vista à redução do tempo de resolução dos acidentes.
A DORP do PCP não pode deixar de denunciar e condenar as soluções que governo e autarcas estão a construir, por serem contrárias às necessidades da região e de todos os que cá vivem e trabalham.
O caminho necessário não é a introdução de portagens na VCI e na A28, nem manter portagens na A4 ou A41 com deslocação dos seus pórticos. O caminho tem que passar pela revogação das portagens na Área Metropolitana do Porto e pelo reforço efectivo do transporte público.
Não há alternativa ao transporte individual enquanto os comboios suburbanos continuarem sobrelotados em hora de ponta, enquanto não se aproveitar o potencial da linha de Leixões (com ligação a Ermesinde) para o transporte de passageiros, enquanto se continuar a remeter a rede STCP cada vez mais só à cidade do Porto e se mantiver o caos na rede UNIR, ou enquanto não se construirem as linhas do Metro do Porto há muito anunciadas (Trofa; Gondomar, via Valbom, com ligação ulterior a Fânzeres; Linha das Devesas; Linha do Campo Alegre, com ligação a Matosinhos Sul; linha de São Mamede; Linha da Maia, partindo da zona do Hospital São João).
Por fim, não podemos deixar de denunciar o papel ausente neste processo da Área Metropolitana do Porto, confirmando a sua inutilidade e incapacidade política e a necessidade da criação das Regiões Administrativas, que contemple a instituição das Áreas Metropolitanas enquanto autarquias dotadas de meios e competências próprias e poderes efectivos e a consequente extinção das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional.