 Mais dinheiro para os privados. Pior serviço para os utentes. Menores garantias para os trabalhadores.
Mais dinheiro para os privados. Pior serviço para os utentes. Menores garantias para os trabalhadores.A revisão do Caderno de Encargos para a Subconcessão da STCP e Metro do Porto e o consequente adiamento da data para a apresentação de propostas, serviram para que o Governo fizesse o “frete” aos privados e à sua gula insaciável. Em suma, as alterações mais significativas representam: mais dinheiro, mais tempo de contrato e menos regras para os privados
No caso dos STCP, a percentagem das receitas que estes passam a poder reclamar passa dos 23,8% para os 30%, o que representa, aproximadamente, mais 3 milhões de euros/ano, podendo esta verba ser ainda maior caso a receita do subconcessionário não for a estimada. O prazo da subconcessão é alargado por mais 2 anos. É facilitada a contratação de serviços pelo subconcessionário a outras empresas. Desaparecem imposições relativamente à frota de autocarros (abrindo caminho à utilização de autocarros sem piso rebaixado, mais antigos e poluentes). É eliminada a necessidade de obter autorização da STCP para que o subconcessionário possa utilizar o património colocado à sua disposição noutros “serviços” do seu exclusivo interesse. A cláusula “cheque em branco” é reforçada, abrindo caminho ao “ajuste directo” entre as partes, a pretexto de uma eventual «reposição do equilíbrio financeiro do contrato».
Basta atentar nestas alterações para que fique ainda mais claro, que ao contrário do que o Governo afirma, com a subconcessão nem as populações vão ficar mais bem servidas, nem o problema financeiro destas empresas vai ficar resolvido.
Aliás, com esta negociata as empresas públicas STCP e Metro do Porto vão ficar mais endividadas, os seus trabalhadores vão enfrentar novas e gravosas ameaças sobre os seus salários e direitos, o Estado vai gastar mais dinheiro e as populações vão ficar com um serviço de transportes pior e mais caro.
Não se deve deixar de fora desta equação o que processo de subconcessão significa para a EMEF e as suas instalações em Guifões, situação que assume contornos de escândalo nacional. Também neste caso o Governo fez tudo o que estava ao seu alcance para que esta empresa pública seja arredada da manutenção do material circulante da Metro do Porto, ou, no mínimo, seja relegada para um segundo plano.
A DORP do PCP entende assim, que este processo de privatização - a que o Governo chama de subconcessão - constitui uma ameaça à mobilidade, à qualidade dos serviços hoje prestados, uma ameaça ao direito fundamental das populações de acesso a transportes públicos e uma ameaça ao desenvolvimento económico e social do distrito do Porto.
Neste contexto, é claro que a STCP e Metro do Porto não podem nem ser privatizadas, impondo-se o controlo público destas empresas para a concretização de uma verdadeira estratégia de mobilidade, que promova mais justiça social, o desenvolvimento económico e social do distrito do Porto e garanta às populações um verdadeiro serviço público de transportes orientado para o bem comum, e não para o lucro dos operadores.
Gabinete de imprensa da DORP do PCP
Porto, 31 de Outubro de 2014
