Política Geral

Intervenção de Belmiro Magalhães no XVIII Congresso do PCP

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Intervenção de Belmiro Magalhães
Membro do Secretariado e do Executivo da Direcção da Organização Regional do Porto do PCP 

belmiro_magalhaesCamaradas,
Chegamos ao Congresso depois de um longo processo preparatório realizado na Organização Regional do Porto, no qual participaram cerca de 2000 camaradas em mais de 100reuniões e iniciativas.

Elegemos 129 delegados efectivos e fizemos uma ampla discussão das Teses. Dos camaradas que se pronunciaram sobre as Teses, 99,1% votaram favoravelmente. Não se tendo registado qualquer voto contra.
Camaradas,
A crise social e económica em que o país está mergulhado tem no distrito do Porto pesadas consequências, agravadas pelas políticas de direita dos sucessivos governos PS, PSD, com ou sem CDS, e do bloco central de interesses PS/PSD/CDS instalado nas gestões autárquicas e metropolitana.
 
A«receita» política aplicada, desenvolvida pelos partidos da alternância com muita intriga, picardias e rivalidades de circunstância entre si mas com poucas diferenças de fundo, não resolve, antes agrava a situação no Porto.
 
O distrito do Porto tem mais de 40 mil famílias a receber o Rendimento Social de Inserção, isto num universo de 111 mil famílias que recebem esta prestação a nível nacional. Se analisarmos os dados do Rendimento Social de Inserção por famílias e respectivos escalões de rendimentos ou pelo montante da prestação, constatamos que o distrito do Porto lidera, infelizmente, em todos os patamares de análise. Se tivermos em conta o número de beneficiários, constatamos que no distrito do Porto existem 115 mil beneficiários. Assim, de um total de 350 mil beneficiários cerca de 1/3 destes residem no distrito do Porto.
  
Segundo dados oficiais (que de modo nenhum reflectem totalmente os números reais) a taxa de desemprego no distrito do Porto situa-se na casa dos 11%, acima 3% da taxa de desemprego nacional. Por exemplo, no concelho de Santo Tirso, o desemprego atinge os 20%. Todos ouvimos as lenga-lengas dos responsáveis governamentais, mas a realidade está aí para demonstrar a falta de correspondência entre o discurso público e as consequências efectivas das ditas «reformas» em curso.
 
No entanto, podíamos constatar que o pouco emprego criado corresponderia a situações de alguma qualidade e segurança: nada mais falso! Os números mostram o aumento da precariedade nas relações contratuais. Os trabalhadores com contratos a prazo e atípicos, no distrito do Porto, representam cerca de 25% dos trabalhadores por conta de outrem! Também os trabalhadores empregados a tempo parcial aumentaram: em relação a 2006, mais 8%!
 
Outro aspecto profundamente negativo é a desindustrialização da região do Porto, que regista uma significativa diminuição da importância do sector produtivo. Multiplicam-se os encerramentos de empresas, em muitos casos com viabilidade demonstrada, como a Somaviele, na Póvoa de Varzim. Prossegue redução de pessoal em muitas empresas, como a Padouro, a MacModa e a Maconde. Crescem as preocupações sobre o futuroda CNB – CAMAC e da Arco Têxteis de Sto. Tirso, sobre a Tsuzuk e da Fapobol de Vila do Conde ou da Coats & Clark de Gaia.
 
O patronato aproveita a «boleia» da crise para desregulamentar o máximo e transferir para os trabalhadores as consequências das suas próprias opções.
 
Da tribuna do nosso Congresso denunciamos a existência de mais de 64 milhões de euros de dívidas aos trabalhadores do distrito do Porto referentes a créditos que lhes são devidos.
Alertamos para as limitações ao exercício do activismo sindical e reivindicativo. Vejamoso caso dos dirigentes ferroviários que receberam nota de culpa para despedimento com justa causa pela coragem demonstrada no protesto do passado dia 1 de Outubro ou o caso dos dirigentes sindicais da Fapobol também intimados para despedimento por justa causa como resposta à luta por si desenvolvida pelo pagamento de salários em atraso e em defesa da viabilidade da empresa. Infelizmente haveria mais casos para referir.
 
O desinvestimento público tem conduzido à degradação dos serviços públicos, ao seu encarecimento e na redução da sua capacidade de resposta. Aconteceram várias manifestações populares contra o encerramento de maternidades, centros de saúde e outros serviços.
 
Apenas entre 2005 e 2009, as verbas atribuídas em Orçamento de Estado à região, diminuíram cerca de 71%.
 
O Partido Socialista, durante os governos PSD/CDS declarou-se contra a colocação de portagens nas SCUTS do Norte do país. Durante a campanha eleitoral prometeu ser coerente com a sua posição anteriormente assumida. Depois de vencer as eleições com maioria absoluta, «virou o bico ao prego», deu o dito por não dito, e encontra-se neste momento em fase de testes a colocação de portagens em vias fundamentais, como a A28 e A29, sem que existam alternativas viáveis.
Contra esta medida, aconteceram enormes manifestações de indignação, de que destacamos a recolha de mais de 63 mil assinaturas e a Marcha Lenta de 24 de Maio, envolvendo automobilistas dos distritos do Porto, Aveiro, Braga e Viana, que paralisou os acessos e o centro da cidade do Porto.
 
Tambémos transportes públicos têm sido alvo de cortes drásticos. O projecto de expansão do Metro do Porto continua repleto de incertezas. A discussão é feita entre uma Junta Metropolitana de bloco central PS/PSD e o governo de PS/Sócrates. O Governo veio recentemente apresentar novos estudos para adiar, ainda mais, o alargamento da rede.
 
Num contexto político caracterizado pelo esvaziamento das responsabilidades sociais do Estado, o PCP tem sido a única força política que coerentemente se tem batido contra os sucessivos atrasos, pela recusa de supostos acordos em que, quem perde é população da Grande Área Metropolitana.
 
Está em andamento uma política de redução gradual da presença dos transportes públicos e do aumento da presença das empresas privadas. Aquando do processo dereestruturação da rede rodoviária da STCP, que se traduziu numa vasta redução do número de carreiras e serviços, assistimos a manifestações espantosas de utentes que forçaram o Governo a recuar em alguns dos seus objectivos.
 
O Aeroporto do Porto é uma infra-estrutura estratégica para toda a região norte, que tem actualmente 6 milhões de passageiros por ano e o seu plano director estima atingir os 15 milhões. Recentemente foi sujeito a obras num valor de mais de 400 milhões de euros! Têm sido muitos os «palpites» sobre a sua forma de gestão e até vários «reputados homens de negócios» se pronunciaram. Existem «muitos apetites»: a «Sonae» e a «Soares da Costa» já «levantaram o dedo», demonstrando interesse em participar na sua gestão. Não admira, trata-se de uma infra-estrutura que custou largos milhões ao erário público. Aos perigosos sinais enviados pela Junta Metropolitana do Porto e pelo Governo, o PCP opõe a defensa da sua gestão e propriedade pública.

Camaradas,
 
Estamos em condições de afirmar que, também no distrito do Porto, o PCP está mais forte…mas podemos e precisamos de ir muito mais longe. O projecto do PCP é um projecto de futuro! O desenvolvimento de uma linha de trabalho específica de recrutamento tem de ser uma preocupação central de todo o colectivo do Partido. Neste sentido, a Direcção Regional do Porto lançou este ano uma campanha específica de recrutamento com o objectivo de trazer ao Partido 250 novos militantes tendo neste momento conseguido já cerca de 200.
É justo afirmarmos que a DORP aumentou a sua capacidade financeira e avançou na resolução de questões de património pendentes. 
Tem-se realizado um assinalável esforço de responsabilização de novos e mais quadros, particularmente jovens que hoje assumem no distrito grandes responsabilidades aos mais diversos níveis.
Como linha estratégica assumimos o reforço do Partido nas empresas e locais de trabalho a par do desenvolvimento da acção reivindicativa em defesa dos direitos conquistados e pela elevação das condições de vida dos trabalhadores.
O PCP é uma força prestigiada na região do Porto. Temos uma intervenção ligada aos problemas das populações e dos trabalhadores, com uma forte dinâmica de intervenção. Nas empresas e concelhos do Porto, o PCP tem uma palavra de esclarecimento, de estímulo à luta e de confiança no futuro.

Camaradas,
Os tempos e os desafios que nos esperam não são fáceis. Propomos rupturas de grande alcance. Acreditamos na justeza do nosso ideal. Assumimos sem complexos os nossos objectivos revolucionários e prosseguimos orgulhosamente o combate.
 
Viva o XVIII Congresso!
Viva o Partido Comunista Português!
Viva o Ideal Comunista!