Economia

Índice do Poder de Compra confirma desigual distribuição da riqueza e aponta a elevação dos salários como emergência nacional

Imprimir
Twitter

20191113 salarioO INE divulgou esta semana os dados do Índice de Poder de Compra (IPC) concelhio relativo ao ano de 2017, das quais se destacam como elementos mais relevantes:

· Há uma estagnação da Área Metropolitana do Porto e da região Norte, que continua a ficar abaixo da média nacional.

· A zona do Tâmega e Sousa (interior do distrito do Porto) confirma-se como uma das regiões mais pobres do País, com IPC ainda abaixo dos 75%.

· Considerando os 18 Concelhos que compõem o Distrito do Porto, apenas 4 (Maia, Matosinhos, Porto e Vila Nova de Gaia) ficam acima da média nacional. Abaixo de 80% ficam 6 concelhos, sendo que Baião, tem só 58,19%.

 

Estes dados reflectem evidentes diferenças entre as regiões, que a regionalização claramente ajudaria a superar, e reclamam do governo medidas concretas e diferenciadas para cada uma das regiões.

Esta situação é inseparável de opções de sucessivos governos que assentam numa lógica de trabalho intensivo, pouco qualificado e mal pago.

A situação actual exige uma elevação progressiva, mas rápida, do nível salarial em Portugal para combater uma injusta distribuição da riqueza, melhorar as condições de vida dos trabalhadores, estimular o mercado interno, alargar as receitas da segurança social e travar o esvaziamento do país em jovens qualificados.

O fortalecimento quantitativo e qualitativo do tecido empresarial exige, uma política que, visando o crescimento económico e a defesa da produção nacional, promova a produtividade e a progressão nas cadeias de valor, com mais investimento empresarial em I&D e Inovação, dinamize o mercado interno, assegure o apoio necessário às micro, pequenas e médias empresas, combata os abusos dos grupos monopolistas e a predação pelo sector financeiro, desenvolva o controlo público e a dinamização das empresas estratégicas, restringindo o seu domínio pelo capital estrangeiro.

Em regiões com níveis salariais mais baixos, como se verifica na nossa região, a elevação dos salários emerge como uma necessidade que reclama medidas específicas integradas num plano de valorização do trabalho e dos salários, articulado de medidas que assegure o aumento geral dos salários para todos os trabalhadores, a subida do SMN para os 850 Euros, o aumento significativo do salário médio, a fixação de um calendário de 5 anos para a convergência com a média salarial da Zona Euro.

Uma forte subida dos salários não é apenas uma exigência de justiça social no Portugal de Abril e numa sociedade que se quer desenvolvida. É uma condição imperiosa para um aumento seguro da produtividade económica e responder-se à ausência de mão-de-obra qualificada em tantas empresas e sectores e uma contribuição segura para a sustentabilidade da Segurança Social.

A DORP do PCP destaca que o distrito do Porto tem condições únicas para contribuir para o desenvolvimento do País, no quadro de um modelo de desenvolvimento que assenta na valorização do trabalho e numa forte subida dos salários, em articulação com o estímulo à actividade económica e à produção nacional, o combate à pobreza e à melhoria das condições de vida, o reforço da segurança social e o aumento das receitas do Estado para financiar o investimento nos serviços públicos e no desenvolvimento do país.

 

Porto, 13 de Novembro de 2019
O Gabinete de Imprensa da DORP do PCP